Polícia investiga 36 tipos de golpes praticados na Paraíba
“Eu fiquei arrasada quando saquei minha aposentadoria e vi que faltava dinheiro. Fui procurar saber o que era e havia um empréstimo consignado em meu nome, que não tinha sido feito por mim”. O caso da aposentada Maria da Silva (nome fictício) está entre os 336 processos investigatórios instaurados no ano passado pela Delegacia de Defraudações de João Pessoa, da Polícia Civil (PC)onde consta uma lista de 36 tipos de golpes praticados, somente na capital. A variedade das modalidades dos crimes se deve à criatividade dos criminosos, que sempre têm como base para a aplicação dos golpes nas vítimas as situações de vantagem ou emergência, segundo o titular da especializada, Lucas Sá. “Os golpistas estão sempre evoluindo, criando novas modalidades, mas sempre apresentando vantagens às vítimas ou se aproveitando de emergências da mesma, como é o caso do golpe ‘dos pacientes da UTI’”.
Nesse golpe, conforme o delegado, os criminosos se passam por profissionais da regulação, munidos de informações públicas do sistema, solicitam à unidade de saúde a lista de pacientes intensivos e contato de seus familiares. “Em seguida, ligam para um parente do interno e dizem que o mesmo precisa realizar uma cirurgia que não é coberta pelo plano de saúde ou pelo SUS e que para se submeter ao procedimento, é necessário o depósito de determinado valor por parte da família, que sem saber o faz e cai no golpe. Desse, tivemos apenas dois inquéritos, em João Pessoa”, afirmou. Lucas Sá informou que em 2015 foram movimentados 483 processos investigatórios, dos quais 336 foram instaurados. Destes, 63 foram finalizados por meio de relatório final e 231 por representação por medidas cautelares. No ano passado, foram cumpridas 44 prisões pela Delegacia de Defraudações da capital. Nesse período, as investigações e apreensões executadas pela especializada resultaram em R$ 8,5 milhões em fraudes. Neste ano, 63 processos investigatórios já foram instaurados na Defraudações.
Com relatório final, 54 deles foram finalizados e outros 95 por meio de representação por medidas cautelares, resultando em 10 prisões e R$ 4,5 milhões em fraudes investigadas e apreendidas. O delegado Lucas Sá explicou que o número de processos despachados e finalizados são maiores do que os instaurados porque atualmente tramitam na especializada 2 mil inquéritos, todos os anos de acúmulo. Entre os tipos mais praticadas estão cartão clonado e financiamento fraudulento Do total de casos investigados pela Delegacia de Defraudações, 90% correspondem ao crime de estelionato, o restante tratam de falsificações.
No entanto, dentro do estelionato, existem 36 modalidades, disse Lucas Sá, porém, as mais praticadas são a utilização de cartão clonado, financiamento fraudulento (de veículos, imóveis e carta de crédito), empréstimo consignado, negociações de veículos e fraude em anúncios de internet. Para Sá, o montante maior de prejuízo é causado nas fraudes relacionadas à emissão de cheques bancários, contratação de empréstimos, negociação de veículos e negociação de imóveis. Já em relação as fraudes mais atípicas e esporádicas, o delegado destacou o golpe do dólar negro, que é um crime bem específico, cometido geralmente por africanos emigrantes ilegais de Cabo Verde, que informam às vítimas que teriam um malote com dólar, retido no aeroporto ou alfandega, e o oferece a vítima por um determinado valor.
No entanto, as notas estão manchadas de preto. “Daí o nome ‘dólar negro’. O dinheiro que pedem da vítima seria para comprar um produto para limpar as possíveis notas para que elas voltassem a ter valor. É um crime que acontece em todo país, aqui na capital, tivemos um registro no ano passado, que resultou na prisão em flagrante dos dois africanos”, explicou Sá. O delegado ressaltou que é importante divulgar as mais diversas modalidades porque muitas pessoas caem nos golpes devido a falta de conhecimento desse tipo de negociações fraudulentas. “Eles (criminosos) fazem a cabeça da vítima, mostram aparente vantagem econômica, promoção, sorteio, ação judicial, inventam um custo para a vítima, seja para honorários ou taxas, para depois receberem uma quantia maior que a investida. A nomenclatura dos golpes varia, mas a estrutura do crime é a mesma. Eles somem e não tem como a vítima localizar os suspeitos, por isso a importância de acionar a polícia”, frisou.
De acordo com Lucas Sá, os criminosos são, geralmente, pessoas com algum conhecimento no ramo de atuação, com conhecimentos em tramitação dos procedimentos, e elevado poder de persuasão. Confiança esta, utilizada para diminuir o poder de vigilância, contribuindo para a execução das fraudes. Já as vítimas, apresentam diversos perfis, com diferentes níveis sociais e de formação educacional, mas sempre têm capacidade econômica considerável, utilizada pelos golpistas para as fraudes.
Jornal da Paraiba
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