Publicado em: 18 maio 2019

Médico cubano que decidiu ficar na Paraíba e passou necessidade consegue Revalida e volta a trabalhar

“É como estar me graduando em Medicina novamente”, diz o médico cubano Ariel Sánchez Aleman, de 45 anos, que decidiu ficar na Paraíba mesmo com o fim da parceria entre Brasil e Cuba no Programa Mais Médicos. Após mais de dois anos esperando o resultado do Revalida, exame que permite médicos estrangeiros exercerem a profissão no Brasil, ele conseguiu o certificado e ainda conquistou o diploma do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB).

O sonho de voltar a trabalhar no Brasil teve início em maio deste ano, quando o médico cubano foi receber o certificado do Revalida em Brasília, no Distrito Federal. Ao retornar à Paraíba, na última quarta-feira (15), Ariel, que hoje vive na cidade de Sousa, no Sertão da Paraíba, foi até João Pessoa para finalmente ter em mãos o CRM tão sonhado por ele.

“Vou recomeçar a minha vida, estou me sentindo como se fosse graduado em medicina agora, por poder recomeçar a trabalhar. Não penso em mais nada a não ser trabalhar e que finalmente estou de novo na medicina”, diz Ariel Sánchez.

Agora, com certificados em mãos, o médico cubano pode agarrar uma proposta de trabalho que recebeu em abril deste ano. Ariel já começa a trabalhar como médico novamente na segunda-feira (20). Ele vai atender em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de São José da Lagoa Tapada, na região de Sousa.

“Graças a Deus, o prefeito de São José de Lagoa Tapada teve a humildade de ir até a minha casa para oferecer ajuda, não só o emprego, mas também dinheiro pra eu ir em Brasília receber o Revalida e ainda ajudou eu ir João Pessoa pegar o CRM”, conta.

Ariel recebeu doações da população da cidade depois de ficar desempregado, com o fim da parceria entre Cuba e Brasil para o Mais Médicos — Foto: Ariel Sánchez/Arquivo pessoal

Ariel recebeu doações da população da cidade depois de ficar desempregado, com o fim da parceria entre Cuba e Brasil para o Mais Médicos — Foto: Ariel Sánchez/Arquivo pessoal

Após o fim da parceria de Cuba com o Brasil, no Programa “Mais Médicos”, Ariel passou cerca de seis meses desempregado e, como não tinha como sustentar a família que construiu no Brasil, o médico passou a receber doações de alimentos e dinheiro dos ex-pacientes e amigos de Sousa, onde atendeu por cinco anos, desde que chegou à Paraíba.

“O abraço e a comunicação também curam e, pelo que vejo, é isso o que o povo brasileiro tá precisando. Então com a maior alegria do mundo, além de dedicação e um atendimento com qualidade, vou levar isso pra população de São José”, comenta Ariel.

Além das doações, para que Ariel fosse até Brasília receber o Revalida, os amigos e moradores de Sousa fizeram uma “vaquinha online” na internet para ajudar o médico cubano.

O médico conta que pessoas de todo o país ajudaram na realização do sonho. “Além da Paraíba, teve gente me ajudando de São Paulo, Ceará, Maranhão, Brasília, de todo canto, então eu só tenho a agradecer”, salienta.

“Eu estou muito agradecido a todas as pessoas que me ajudaram a alcançar isso. Pra mim é um grande sonho poder trabalhar como médico no Brasil de novo e eu quero que saibam que, quem bater na minha porta, eu nunca vou falar não”, conclui emocionado o médico cubano.

Família construída no Sertão da PB

Ariel saiu de Cuba para o Brasil em novembro de 2013. Durante os cinco anos que trabalhou em Sousa, ele exerceu a profissão de médico através do programa Saúde da Família – um acordo entre os dois países. Foi na cidade onde o cubano conheceu Vânia Silva, uma enfermeira com quem se casou e teve o filho Adriel, hoje com 3 anos.

Cubano conheceu a esposa em Sousa, durante o programa Mais Médicos; os dois tiveram o filho Adriel, hoje com 3 anos — Foto: Ariel Sánchez/Arquivo pessoal

Cubano conheceu a esposa em Sousa, durante o programa Mais Médicos; os dois tiveram o filho Adriel, hoje com 3 anos — Foto: Ariel Sánchez/Arquivo pessoal

Por decisão do Governo Federal, em novembro de 2018, os médicos cubanos foram desligados do PSF no Brasil e deveriam retornar para o país de origem. Porém, a família se tornou para Ariel um laço mais forte que o vínculo de trabalho e então o médico resolveu permanecer no país.

Depois disso, tanto Ariel quanto a esposa dele ficaram desempregados e contam com ajuda dos ex-pacientes e amigos do médico. Na expectativa de respostas positivas, o cubano também sentiu a dor de tantos outros colegas que perderam o emprego. “A gente hoje vive graças ao povo de Sousa, graças à população que nos acolheu, nos deu ajuda tanto de dinheiro como de comida”, contou o médico em outra ocasião.

O sonho da esposa de Ariel era que o marido voltasse a trabalhar como médico. “A população gosta muito de Ariel e tem ajudado muito. A minha única família agora é ele e meu filho, porque meus pais já estão falecidos. Graças a Deus ele conseguiu”, diz Vânia.

Agora, com o Revalida e o CRM e podendo atuar na medicina novamente, Ariel diz que deseja finalmente comprar uma casa na Paraíba e viver no Brasil por muitos anos.

“Se for pra trabalhar, eu vou pra qualquer canto do Brasil, pra atender o povo, do mesmo jeito que sempre fiz, desde o início”, conclui o médico cubano.

Ariel Sánchez chegou ao Brasil em 2013 para trabalhar em PSF de Sousa, no Sertão paraibano — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Ariel Sánchez chegou ao Brasil em 2013 para trabalhar em PSF de Sousa, no Sertão paraibano — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco




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