Publicado em: 22 ago 2022

LARANJAS PARTIDÁRIOS partidos voltam a lançar candidatas só para cumprir exigência

Foco de denúncias nas eleições de 2018, o esquema de candidaturas laranjas lançadas pelos partidos apenas para preencher a cota de 30% de candidatas mulheres exigida por lei ganhou destaque na primeira sessão do Tribunal Superior Eleitoral sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, na última quinta-feira.

Sem meias palavras, o novo presidente do TSE afirmou que não irá permitir candidaturas laranjas “simplesmente para fingir que as mulheres estão sendo candidatas” e que se a prática for comprovada neste ano, chapas inteiras de candidatos serão impedidas de concorrer.

Há quatro anos, quando o esquema veio à tona com candidatas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro à época, constatou-se que havia um denominador comum nas candidaturas suspeitas de serem de fachada. Todas tiveram pouquíssimos votos nas urnas e os repasses que recebiam do fundão eleitoral, a verba pública a que os partidos têm direito para financiar seus candidatos, destoavam dos demais concorrentes: ou recebiam valores expressivos, a depender de quem as indicava, a ajuda era nenhuma.

Normalmente, os alvos desse tipo de prática são mulheres que desconhecem como funciona a política e são iludidas com o sonho de se elegerem ou simplesmente enganadas por lideranças partidárias locais. Há também aquelas que topam fazer o jogo a pedido de algum político a quem são ligadas de alguma maneira.

Das mulheres acusadas no suposto esquema do PSL em Minas Gerais e Pernambuco nas eleições de 2018, apenas Mariana Nunes se lançou novamente candidata pelo União Brasil, partido comandado pelo deputado Luciano Bivar, que presidia o PSL naquele ano. Ambos chegaram a ser indiciados pela Polícia Federal em 2019, mas o caso resultou em absolvição na Justiça Eleitoral, em junho deste ano.

Embora a campanha eleitoral deste ano esteja apenas no início, já é possível identificar nas mais de 9 mil candidaturas de mulheres registradas no TSE algumas candidatas a serem as novas “laranjas” desta eleição. A seguir, alguns casos reunidos pela coluna.

Quem segue a massagista Linda Cruz nas redes sociais foi surpreendido na noite da última terça-feira, 16, com um vídeo no qual ela anuncia sua candidatura a deputada estadual pelo PL em Rondônia. Na gravação, feita ao lado da mulher de um deputado do partido que também decidiu disputar a eleição para a Câmara, ela diz que havia acabado de selar a candidatura em uma reunião na sede da legenda em Porto Velho. O mais surpreendente é que ela própria admite ter ficado “muito surpresa” com a candidatura de última hora. No vídeo, Linda pede voto para o senador Marcos Rogério, candidato a governador pelo PL, e para o presidente Jair Bolsonaro.

Na prática, o registro de candidatura dela já tinha sido feito pelo partido na véspera, último dia do prazo determinado pelo TSE. E se não fosse a candidatura da massagista especializada em terapia tântrica, o PL de Rondônia não conseguiria atingir o mínimo de 30% da cota feminina na chapa de candidatos a deputados estaduais. “Eu fui pega realmente de surpresa. Não estava esperando sair candidata a deputada estadual”, admitiu Linda Cruz à coluna. “Esse convite me foi feito há uma semana, em cima da hora, e eu decidi aceitar”, completou a candidata, de 38 anos.

Blog Batista Silva

 




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