Publicado em: 27 jan 2015

Homenagens marcam os dois anos da tragédia na boate Kiss em Santa Maria

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Vestidos de branco, familiares de vítimas e sobreviventes do incêndio na boate Kiss já se reúnem no centro de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, para as homenagens que marcam os dois anos da tragédia. O incêndio na madrugada de 27 de janeiro de 2013 matou 242 pessoas e deixou centenas de feridos.

 

KISS – DOIS ANOS – Incêndio matou 242 pessoas

A programação das homenagens às vítimas inclui exibição de vídeos, caminhada silenciosa, soltura de balões e orações. Desde 19h, familiares se reúnem na tenda montada na praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. Na praça, será exibido um vídeo com o depoimento de alguns pais.

Depois, os participantes farão uma caminhada silenciosa até o prédio onde ficava a boate, a poucas quadras dali. Lá, velas serão acesas e balões brancos serão jogados para o céu para simbolizar as vítimas. O grupo fará uma vigília em frente à casa noturna até por volta das 2h30 desta terça (27), horário em que o incêndio teria iniciado.

“As velas serão trazidas em silêncio para representar cada lembrança. É um momento de reflexão. Queremos chamar atenção do mundo para a importância da vida. Nossa luta prossegue. Quem vai na víglia, mostra muita indignação pelo protecionismo”, desabafou a dona de casa Jandira dos Santos, 57 anos, que perdeu o filho Ericson dos Santos, morto aos 23 anos, no incêndio.

Para amparar familiares caso seja necessário, profissionais de saúde estão de plantão nas imediações da boate. O Acolhe Saúde, serviço de atendimento psicossocial destinado aos afetados pela tragédia, está operando durante 24 horas até o dia 28. “No ano passado, no primeiro aniversário da tragédia, houve 15 atendimentos.

Boate Kiss Santa Maria dois anos da tragédia (Foto: Estêvão Pires/G1)
Boate Kiss Santa Maria dois anos da tragédia (Foto: Estêvão Pires/G1)

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia matou 242 pessoas, sendo a maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos. O fogo teve início durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou rapidamente pela casa noturna, localizada na Rua dos Andradas, 1.925.

O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, foram: o material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.

Ainda estão em andamento os processos criminais contra oito réus, sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude processual. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada. Sete bombeiros também estão respondendo pelo incêndio na Justiça Militar. O número inicial era oito, mas um deles fez acordo e deixou de ser réu.

Entre as pessoas que respondem por homicídio doloso, na modalidade de “dolo eventual”, estão os sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, além de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o funcionário Luciano Bonilha Leão. Os quatro chegaram a ser presos nos dias seguintes ao incêndio, mas a Justiça concedeu liberdade provisória a eles em maio de 2013.

Atualmente, o processo criminal ainda está em fase de instrução. Após ouvir mais de 100 pessoas arroladas como vítimas, a Justiça está em fase de recolher depoimentos das testemunhas. As testemunhas de acusação já foram ouvidas e agora são ouvidas as testemunhas de defesa. Os réus serão os últimos a falar. Quando essa fase for finalizada, Louzada deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do processo.

No dia 5 de dezembro de 2014, o Ministério Público (MP) denunciou 43 pessoas por crimes como falsidade ideológica, fraude processual e falso testemunho. Essas  denúncias tiveram como base o inquérito policial que investigou a falsificação de assinaturas e outros documentos para permitir a abertura da boate junto à prefeitura.




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