Publicado em: 9 maio 2017

Grupo preencheu todas as vagas em pelo menos 6 concursos por meio de fraudes, diz delegado

Existem concursos inteiros em que todas as vagas foram preenchidas por meio de fraude”, comentou o delegado de defraudações e falsificações de João Pessoa, Lucas Sá, nesta terça-feira (9). Segundo a investigação da polícia na Operação Gabarito, que desarticulou um grupo suspeito de fraudar concursos no Nordeste, todas as pessoas aprovadas em pelo menos seis concursos na Paraíba integravam a organização criminosa ou eram “clientes” que compraram o “kit completo” de aprovação. Pelo menos 60 concursos teriam sido fraudados pelo grupo desde 2005.

A operação aconteceu no domingo (7), quando 19 pessoas foram presas em João Pessoa e no Rio Grande do Norte, durante a realização do concurso do Ministério Público do Rio Grande do Norte.

Os suspeitos fraudavam documentos para facilitar empréstimos para pagar a fraude, diplomas para ingresso no cargo e gabarito da prova. Entre os presos estão dois irmãos, apontados como líderes do grupo e já aprovados em 29 concursos. A quadrilha cobrava até R$ 150 mil para vender o “kit completo” de aprovação.

Segundo o delegado, a lista dos concursos suspeitos de ser completamente fraudados não pode ser divulgada antes do fim da investigação, mas o número final deve ser maior. “São concursos em que havia poucas vagas disponíveis. Os seis já identificados são só na Paraíba, mas também devem ser investigados os concursos dos outros estados que teriam sido fraudados”, explicou.

De acordo com Lucas Sá, a investigação vai continuar para identificar as pessoas que compraram a aprovação nos concursos. “Esperamos conseguir, com a análise dos equipamentos apreendidos e com o contato das organizadoras do concurso, identificar estas pessoas. Iremos pedir a prisão preventiva delas e também o afastamento do cargo até a investigação ser concluída”, comenta.

O delegado explica ainda que vai notificar os órgãos que teriam sido prejudicados com a fraude no concurso para que as chefias instaurem um processo administrativo para apurar se os servidores ingressaram no cargo de forma fraudulenta. “Se confirmado, estas pessoas podem ser expulsas do cargo e o estado deve entrar com uma ação para ressarcir ao erário todos os salários que foram pagos. Em seguida, caberá às instituições abrirem novos concursos para preencher as vagas abertas”, completa Lucas Sá.

Como o esquema fraudava concursos

As fraudes começaram em 2005, e mais de 500 pessoas já foram beneficiadas com o esquema em concursos na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí. O valor pago pelas pessoas para o grupo já acumulava pelo menos R$ 18 milhões. A audiência de custódia dos 19 presos no domingo aconteceu na segunda-feira (8) em João Pessoa e a Justiça manteve a prisão dos suspeitos. A polícia investiga a participação de pelo menos outras 21 pessoa no esquema.

O esquema funcionava por meio de escutas e transmissões eletrônicas durante a aplicação das provas. Parte dos suspeitos ficavam na casa onde os líderes do grupo foram presos, em João Pessoa, e eram responsáveis por receber as informações das provas de outros integrantes do grupo que faziam as provas. “Eles repassavam as informações para os ‘professores’, que respondiam as questões e mandavam os gabaritos para os candidatos”, explica Lucas Sá.

Segundo o delegado, os “clientes” do grupo eram contatados principalmente em cursinhos e por meio redes sociais. “São muitas as maneiras, mas as principais são pelo Facebook, WhatsApp e indicação de pessoas de cursinhos. Vários desses professores [presos] são professores de cursinho. Então eles acabam indicando a organização para os alunos desses cursos e fazendo a proposta de ingressar no esquema fraudulento”, disse o delegado.

 

 

 

 

G1PB




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