Publicado em: 7 mar 2016

Estelionatários bonitos e bem vestidos fazem três vitimas por dia na Paraíba

asfdasfasd

Eles geralmente são bonitos, inteligentes, estão sempre muito bem vestidos e têm uma boa conversa. Mas, por trás da pele de cordeiro existe, na verdade, um lobo perigoso: eles são estelionatários. O número de crimes praticados por golpistas aumentou 23,79% no ano passado. Pulou de 820, em 2014, para 1.015 ocorrências registradas, em 2015. São, em média, 2,7 vítimas por dia na Paraíba. E apenas nos dois primeiros meses deste ano foram registrados 60 casos. Já são 36 formas de golpes registradas na polícia. Os criminosos que são pegos, na maioria das vezes, não permanecem presos e grande parte das vítimas, além de não conseguir recuperar o dinheiro roubado, fica traumatizada com a experiência.

Esse é o caso do jornalista a quem vamos chamar nesta reportagem de Arlindo Caldas (nome fictício). Ele sempre sonhou com a casa própria e depois de trabalhar durante anos, enfim viu-se perto de concretizar o sonho. Em 2012 ele foi apresentado a um corretor de imóveis que lhe prometeu rapidez e facilidade para a compra de um apartamento. O suposto corretor não levantava nenhuma suspeita, chegou ao local marcado com a vítima num carro novo, muito bem vestido e sua conversa era convincente. Ele dizia que Arlindo não iria se preocupar com nada, pois ele resolveria tudo, desde o contrato no banco até pagamentos de impostos na prefeitura.

Alguns dias depois o falso vendedor de imóveis marcou um novo encontro, com o fim de levá-lo para conhecer o apartamento. Arlindo ficou encantado, afinal, o prédio era recém-construído e o imóvel possuía dois quartos, varanda, além de ser bem localizado, no bairro dos Bancários. Foi então que ele decidiu: não teria mais medo, iria fazer os pagamentos e na outra semana já se mudaria. Pelo menos era essa a promessa.

O falso corretor apresentou a conta. O jornalista teria que lhe entregar, em mãos, o valor de R$ 12 mil. Mas ele só tinha R$ 8 mil, então decidiu pegar mais R$ 4 mil emprestados e entregou a quantia ao impostor, que lhe entregou as chaves do apartamento dizendo que Arlindo poderia se mudar naquele dia se quisesse.

“Alguns amigos chegaram a me alertar sobre não dar esse dinheiro a ele e procurar um financiamento em um banco que seria melhor. Mas ele era muito convincente, não tinha como desconfiar. Ele chegou a conseguir as chaves do apartamento e me levou lá, me mostrou o prédio, era tudo muito convincente mesmo. Eu já estava encaixotando minhas coisas, me preparando para a mudança, quando veio o baque da descoberta que eu havia sido enganado”, relatou Arlindo.

Porém, Arlindo não se mudou, pelo contrário, naquela mesma semana ele descobriu que havia sido vítima de um estelionato. Em contato com outros amigos, que também haviam sido enganados, ele viu seu sonho desmoronar. As outras vítimas montaram um flagrante e a polícia prendeu o falso corretor. Na época, pelo menos dez pessoas compareceram à delegacia após reconhecerem o estelionatário nas reportagens exibidas nos jornais e canais de televisão. Entre elas, uma aposentada, que havia feito até um empréstimo consignado para pagar ao golpista.

“No dia da prisão eu fui à delegacia e encontrei várias outras pessoas que haviam sido vítimas do golpista também. Ele negava tudo, dizia que era mentira, agia com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido”, falou.

Facilidades atraem as vítimas

De acordo com o delegado Lucas de Sá, da Delegacia de Defraudações e Falsificações da Paraíba (DFF), os estelionatários atuam, na maioria das vezes, trazendo uma situação de urgência ou vantagem para suas vítimas. E eles são inteligentes.

“Os estelionatários são pessoas que normalmente têm um conhecimento avançado em determinado ramo e veem formas de lucrar ilegalmente”, afirma o delegado ressaltando que existem dois grupos de vítimas, as que colaboram com o golpe, fornecendo informações pessoais a desconhecidos ou assinando contratos sem verificar dados, e as que não tiveram participação nenhuma, por exemplo, quando seu cartão é clonado e você não tem como saber ou evitar a fraude.

Lei prevê pena de um a cinco anos para golpistas

O artigo 171 do Código Penal prevê a pena de um a cinco anos para o crime, dependendo da modalidade do estelionato, que são muitas. Segundo o delegado Lucas de Sá, existem atualmente 36 formas registradas na polícia de golpes. O problema é que essa pena pode ser reduzida a simples prestação de serviços.

“Quando o criminoso é acusado de cometer estelionato pela primeira vez é provável que ele receba a pena mínima, que corresponde a um ano, podendo até mesmo reduzi-la fazendo cursos, distribuindo cestas básicas, entre outros serviços. Mas, se a fraude for cometida contra idosos a pena é dobrada, pois eles normalmente são alvos fáceis para os bandidos pelo fato de acreditarem nas propostas com mais facilidade”, explica Lucas de Sá.

No caso do nosso personagem, Arlindo, foi exatamente assim. A prisão do golpista não durou muito tempo. Dias depois o corretor estava nas ruas de novo aplicando novas fraudes. Arlindo nunca recuperou seu dinheiro, não se mudou e ainda ficou com uma dívida de R$ 4 mil, que conseguiu pagar aos poucos ao amigo a quem havia pedido emprestado.

Entretanto, a dívida não foi a única consequência sofrida. O lado psicológico também ficou abalado, foram meses para conseguir se recuperar e somente com a ajuda de amigos e familiares foi possível superar o trauma. Hoje, quatro anos depois, Arlindo finalmente realizou seu sonho. Ele foi numa imobiliária séria onde comprou seu apartamento e há menos de um mês se mudou para o imóvel.

“A lição foi aprendida. dessa vez procurei gente séria e realizei meu sonho da casa própria. Não foi fácil, cheguei a desistir por um tempo e pensei em não mais juntar dinheiro para comprar nada. Mas isso passou e agora eu sigo minha vida com os olhos bem mais abertos. Nunca mais vou entregar meu dinheiro nas mãos de qualquer pessoa”, afirmou.

Como fugir do estelionato

* Evite conversar com pessoas estranhas

* Não aceite acordo com pessoas/empresas que cobram algo e se negam a passar dados pessoais ou da empresa

* Se seu carro quebrar, não deixe ninguém mexer no veículo. Entre em contato com algum guincho e tranque o automóvel

* Nunca resolva por telefone assuntos que envolvam dinheiro

* Quando a oferta for muito grande, desconfie

* Não faça negócios com pessoas ou empresas desconhecidas

* Oficialize todo tipo de acordo através de um contrato

* Confira todos os dados do contrato

Como denunciar

Para efetuar denúncias, a vítima deve comparecer à Delegacia de Defraudações – DFF, localizada no prédio da Central de Polícia Civil, no Geisel, ou ligar para o Disk Denúncia da Polícia Civil tel. 197 (Sigilo Garantido).

 

 

 

 

Correio da Paraiba




Acompanhe as notícias do Portal do Litoral PB pelas redes sociais: Facebook e Twitter

O que achou? Comente...