Publicado em: 21 maio 2015

Epidemia de dengue em Alhandra assusta e moradores reclamam da falta de orientação

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Febre, dor no corpo, dor de cabeça e falta de apetite surgiram de repente e assustaram o aposentado Filipe Sousa, morador do município de Alhandra, que fica a 42 quilômetros de João Pessoa.

Os sintomas foram certeiros e o aposentado foi mais um paciente diagnosticado com dengue na cidade. Somente esse ano, o município já registrou 159 casos suspeitos, 24 confirmados e um óbito por dengue também confirmado, além de outro que está sob investigação de acordo com a Secretaria de Saúde do município.

Os números colocam Alhandra como uma das 28 cidades da Paraíba que apresentam quadro de epidemia da doença.

Conforme a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), um município apresenta quadro de epidemia quando são registrados mais de 300 casos da doença por grupos de 100 mil habitantes.
Em Alhandra, a média calculada caso o município tivesse essa população seria de 661,2 casos a cada 100 mil habitantes. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o levantamento considera todas as notificações da doença utilizando como base os fatores clínicos e epidemiológicos.

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Os dados são referentes ao período entre 1º de janeiro e 18 de abril deste ano.

De acordo com o aposentado Filipe Sousa, saber do índice de endemia vivenciado pelo município preocupa a população, que está vulnerável e qualquer um pode ser mais uma vítima da doença. “Eu mesmo nunca tinha tido isso. Acordei com uma indisposição, meio mole, todo doído, com febre. A gente fica preocupado, principalmente porque teve uma pessoa que morreu na cidade por causa de dengue”, comentou.

Nas ruas da cidade, não é incomum ver pessoas preocupadas com o quadro de epidemia em que Alhandra se encontra. De acordo com o comerciante Josias Silva, que foi acometido por uma dengue há cerca de quatro anos, se imaginar novamente com a doença não é algo agradável.

Ele comentou que uma das maiores preocupações são os focos de água parada existentes na rua em que mora, nas proximidades do Centro da cidade. “Aqui tem uma fonte, além desse esgoto que corre a céu aberto e um monte de foco de mosquito. Vemos uns carros fumacês passando pela cidade, mas isso não nos deixa tão tranquilos por conta das coisas que vemos aqui”, denunciou, relembrando como é ser infectado pelo vírus.

“É horrível. Lembro que quando tive perdi peso, não conseguia trabalhar, fiquei oito dias de repouso. Eu faço de tudo para evitar em casa que os meus filhos acabem sendo vítimas também”, revelou.

SEM ORIENTAÇÃO
Para a diretora da Escola Renato Ribeiro Coutinho, Vera Firmino, falta de mais orientações por parte da Secretaria Municipal de Saúde para conscientizar a população sobre as maneiras de prevenir a propagação do mosquito transmissor da doença . “De ação mesmo só vemos o carro fumacê, que passa duas vezes por dia pela cidade, mas não recebemos esclarecimentos, orientações ou divulgações. Isso tem ficado a cargo dos próprios professores. Nós mesmos é que pesquisamos e passamos para os alunos informações sobre a doença e alertamos para que não deixem vasilhames com água parada em casa”, afirmou a educadora.

CASOS SÃO COMUNS NOS DISTRITOS
asos recentes de dengue preocupam a população, nos distritos do município a situação é ainda mais grave. Conforme a Secretaria de Saúde municipal, é nessas áreas em que se encontram os focos da doença. Em distritos como Mata Redonda não é incomum encontrar pessoas com dengue ou que estão se recuperando da doença.

Nesse distrito, conforme a prefeitura, uma pessoa morreu este ano em decorrência da dengue. Segundo os moradores da localidade, os casos de dengue têm se tornado cada vez mais frequentes e é difícil encontrar na vizinhança quem não tenha sofrido com a doença. Uma das pessoas recentemente infectadas pelo vírus é o comerciante Antônio da Silva. Ele revelou que a dor no corpo, a febre e a indisposição o fizeram logo desconfiar que poderia estar com dengue. No momento em que falou à reportagem, a mãe dele estava hospitalizada por causa da dengue.

“Eu não tinha reparado esse aumento de casos até minha mãe ficar doente. Ela tem mais de 80 anos e agora está no hospital. Eu estou com os mesmos sintomas, mas não posso deixar de trabalhar, então estou tentando ficar com a vida normal”, disse. “Minha preocupação mesmo é não deixar água parada para não afetar meus filhos”, comentou.

Também residente no mesmo distrito, a dona de casa Josenilda Santos tem três filhos e sabe bem a necessidade de cuidados para a prevenção da dengue. Ela conta que o cunhado foi infectado pelo vírus e revelou que os moradores estão mais temerosos com o aumento dos casos. “Tive uma virose, mas dengue ainda não. A gente fica preocupado”, assegurou.

PREFEITURA RECONHECE EPIDEMIA
Enquanto em 2014 Alhandra registrou 121 casos suspeitos de dengue e três confirmados, somente nos quatro primeiros meses deste ano foram 159 registros, com 24 confirmações e um óbito, apontando Alhandra como o único município em epidemia que registrou óbitos pela doença. De acordo com a secretária de Saúde da cidade, Albarina Pereira, uma das maiores preocupações é o fato de o município não possuir estrutura para lidar com esse aumento gradativo de casos de dengue. “Nós aqui não temos condições de internação, apenas deixamos as pessoas em observação no ambulatório, mas, em casos graves, transferimos logo para João Pessoa”, revelou.

A secretária reconheceu a situação preocupante da cidade e destacou o impacto negativo que isso vem trazendo à população. Contudo, ela lembrou as ações que vêm sendo feitas pela secretaria em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde e até dos municípios vizinhos. “Nós tivemos

um caso confirmado de dengue em Mata Redonda, então identificamos que lá é onde está o foco. Existe um lixão na localidade e disponibilizamos um fumacê para lá e em todas as zonas rurais com o objetivo de diminuir os casos.

 

 

Portal do Litoral 

Com Jornal da Paraíba



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