Publicado em: 11 jun 2015

Baratas podem sofrer de “depressão” se ficarem sozinhas, diz pesquisa

As baratas são seres repudiados pelos seres humanos (em sua grande maioria), mas entre elas, são insetos muito sociais.

Pesquisadores estão estudando a “vida secreta” das baratas e descobriram que são seres com um sistema muito mais sofisticado, que podem reconhecer os membros de suas famílias e que não gostam de viver sozinhas, podendo, até mesmo, adoecerem se ficarem solitárias – podendo desenvolver “depressão”.

As baratas vivem intimamente ligadas, em sociedades igualitárias, baseadas em estruturas sociais e regras; são capazes de tomar decisões coletivas em prol do bem de todas.

Ao estudar certas espécies de baratas, cientistas acreditam que podem aprender como a sociedade de animais mais avançados evoluiu, inclusive a sociedade humana.

A sociedade

Algumas espécies de insetos são conhecidas por suas habilidades sociais, como as formigas, cupins e algumas abelhas e vespas, por exemplo. Os chamados “insetos eussociais” possuem estruturas e comportamentos altamente desenvolvidos.

Nos insetos “eussociais”, há uma rainha dominante, que tem o privilégio de criação, o resto dos milhares de insetos são apenas trabalhadores. Esse sistema é diferente da sociedade das baratas, onde qualquer uma é ‘autorizada’ para o acasalamento e procriação.

As baratas são conhecidas por serem gregárias, pois vivem em grupos em vários estágios de suas vidas, assim entendemos pouco sobre como elas realmente se comportam em torno de si. Uma revisão científica publicada na revista Insectes Sociaux explica o que sabemos até agora.

Existem cerca de 4.000 espécies de baratas descritas pela ciência. Destas, cerca de 25 se adaptaram para viver entre as pessoas. Dessas, duas espécies em particular têm sido estudadas em detalhe, a barata alemã (Blatella germanica) e a barata americana (Periplaneta americana).

Seus hábitos

Durante o dia, as duas espécies descansam em grupos, dentro de rachaduras escuras, fendas ou encanamentos. À noite, esses grupos ou “rebanhos”, como os cientistas às vezes chamam, se separaram, com cada barata andando em busca de comida e água.

Uma pesquisa descrita pelo Dr. Mathieu Lihoreau, do National Centre of Scientific Research (Rennes, França), e colegas, revela a importância da vida em grupo das baratas.

Baratas que não saem com outras sofrem de “síndrome de isolamento”. Uma barata jovem, alemã ou americana, deixada sozinha, demora mais tempo para crescer e tornar-se adulta. Isso afeta seu comportamento mais tarde. A jovem isolada demora mais tempo para encontrar um grupo e um parceiro. Parece que as baratas jovens precisam estar em contato constante umas com as outras para o correto desenvolvimento.

Em 2010, pesquisadores anunciaram que haviam encontrado baratas que “conversam entre si”, sobre o alimento.

Na análise do Dr. Lihoreau, as baratas dependem de pistas químicas para passarem informações sobre localização e tipo de comida para as outras. Utilizando produtos químicos, chamados hidrocarbonetos cuticulares, produzidos em seu corpo, esses insetos podem comunicar até que tipo de rachadura ou abrigo seria um bom lar para o dia.

Algumas vezes a barata faz trilha de odor, depositando fezes ricas nesses produtos químicos, que as outras baratas podem seguir. Com esses químicos, as baratas são capazes de identificar umas as outras, em especial, identificar seu parentesco.

Pesquisadores descrevem o fato de reconhecerem parentes como algo “importante na vida social (das baratas)”, entre outras coisas. Isso “permite que os indivíduos evitem o acasalamento com seus irmãos”, dizem os pesquisadores.

Talvez a revelação mais surpreendente sobre a vida secreta das baratas seja a formação de “rebanhos sociais”, podendo tomar decisões coletivas. Por exemplo, ao procurar abrigo, todas as baratas do grupo vão escolher o mesmo lugar, bem como as fontes de alimento. Esse comportamento permite que sejam compartilhadas informações e decisões sejam tomadas mais rapidamente, beneficiando o grupo em sua totalidade.

De fato, “podem ser vistas como formas emergentes de cooperação”, segundo os cientistas, ou “uma característica emergente de inteligência coletiva”.

Os estudos das baratas alemãs e americanas mostram o quanto esses insetos são sociais. Eles vivem em abrigos coletivos; diferentes gerações da família vivem juntas e esses animais se tornam dependentes uns dos outros. E, embora as baratas sejam menos desenvolvidas socialmente do que os insetos “eussociais”, elas são mais igualitárias.

Dr. Lihoreau e seus colegas buscam mais investigação sobre o comportamento social das baratas, pois pode revelar mais sobre como animais sozinhos, correndo por seus próprios fins, de alguma forma, se juntam para formar grupos coletivos.

Parece que mesmo as baratas são um grupo amigável, e por uma perspectiva evolutiva, são beneficiadas por suas habilidades sociais, antes desconhecidas.

Portal do Litoral PB

Com jornalciencia



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