Publicado em: 26 nov 2020

Argentinos se despedem de Diego Maradona em velório na Casa Rosada

O corpo de Diego Armando Maradona começou a ser velado por volta das 6h desta quinta-feira (26) na Casa Rosada, a sede do governo da Argentina.

Nas primeiras horas, a entrada do público no local tem sido marcada por pequenos tumultos devido à quantidade de pessoas.

O velório deve ocorrer até as 16h. Imagens mostram uma multidão formar fila na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, para prestar uma última homenagem ao ídolo argentino.

O enterro será nesta quinta (26) em um cemitério na periferia de Buenos Aires, onde seus pais estão enterrados, segundo o porta-voz do ex-jogador de futebol.

“O enterro é hoje à tarde no Jardim da Paz, em Bellavista”, afirmou Sebastián Sanchi à agência de notícias France Presse.

Por volta das 7h30, houve um princípio de confronto entre a polícia e torcedores que foi controlado. Algumas grades que cercam a Casa Rosada chegaram a ser arremessadas por torcedores.

Muitos tentavam entrar ao mesmo tempo no local, mas o fluxo é controlado na porta do palácio presidencial.

Dentro do palácio presidencial, torcedores emocionados jogam flores e camisetas sob o caixão, que está fechado e coberto pela bandeira da Argentina e por camisas da seleção e do Boca Juniors.

O governo do presidente Alberto Fernández declarou luto oficial de três dias, e estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas participem do funeral.

Uma multidão saiu às ruas de Buenos Aires em plena pandemia para lamentar a morte do ídolo.

Maior jogador da história da Argentina e lenda do futebol mundial, Maradona morreu aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória em casa.

Maradona sofreu um infarto enquanto dormia, segundo resultado preliminar da autópsia revelado pelo jornal argentino “La Nación” nesta quinta-feira (26).

O “La Nación” afirma que Maradona morreu por uma insuficiência cardíaca aguda, congestiva e crônica, que gerou um edema agudo no pulmão, segundo o documento.

O corpo de Maradona chegou à Casa Rosada por volta de 1h30, e primeiro a cerimônia foi realizada primeiro com a presença dos familiares. Sua mulher, Claudia, e seus filhos estavam no local.

A imprensa argentina diz que jogadores da seleção argentina de 1986, que ganharam a Copa do México junto com o craque argentino, também foram ao palácio presidencial.

A chegada do corpo de Diego também teve um princípio de tumulto, mas logo o clima ficou mais sereno na Plaza de Mayo.

Torcedores não paravam de cantar em homenagem ao ídolo, e grande parte dos presentes não usa máscaras de proteção em plena pandemia.

O craque argentino sofreu uma parada cardiorrespiratória em sua casa na cidade de Tigre, na região metropolitana da capital. O “Pibe de Ouro” passou por uma delicada cirurgia no cérebro no começo do mês e recebeu alta oito dias depois, após drenar uma pequena hemorragia cerebral.

O médico Leopoldo Luque afirmou na ocasião que a cirurgia era considerada simples, mas havia preocupação pela condição de saúde do ex-jogador.

Maradona deixa três filhas (Dalma, Gianinna, Jana) e dois filhos (Diego e Diego Fernando) e uma trajetória vitoriosa no futebol: ganhou a Copa do Mundo de 1986 com a seleção argentina e foi vice em 1990. Passou por grandes clubes, como Boca Juniors, Barcelona e Napoli, e atuou como técnico, inclusive dirigindo a seleção argentina na Copa do Mundo de 2010.

Campeão mundial na Copa do Mundo de 1986, quando ficou eternizado pelos dois gols que marcou contra a seleção da Inglaterra nas quartas de final, Maradona era reverenciado e tratado como Deus na Argentina.

“Muitas vezes me dizem: ‘Você é Deus’. E eu respondo: ‘Vocês estão equivocados’. Deus é Deus, e eu sou simplesmente um jogador de futebol”, afirmou o craque argentino em 1991.

Seu gol de mão contra a Inglaterra ficou mundialmente conhecido pela “mão de Deus”. O outro gol, em que Maradona driblou metade do time (inclusive o goleiro), foi eleito pela Fifa em 2002 como o mais bonito da história das Copas do Mundo.

Maradona salta para dar um soco na bola e marcar um gol sobre a Inglaterra nas quartas-de-final da Copa do Mundo do México, em 1986. O episódio do gol ilegal validado pelo juiz ficou conhecido por 'A mão de Deus' — Foto: El Grafico via AP/Arquivo

Maradona salta para dar um soco na bola e marcar um gol sobre a Inglaterra nas quartas-de-final da Copa do Mundo do México, em 1986. O episódio do gol ilegal validado pelo juiz ficou conhecido por ‘A mão de Deus’ — Foto: El Grafico via AP/Arquivo

Maradona também jogou as Copas de 1982, 1990 e 1994. Em 1990, ele e Caniggia fizeram a jogada que eliminou a seleção brasileira nas oitavas de final. Em 1994, foi pego no exame de antidoping e cortado da seleção argentina (veja abaixo mais sobre a sua trajetória como jogador).

Problemas de saúde e com as drogas

Maradona conviveu durante toda a sua vida com o vício das drogas, que lhe rendeu duas suspensões quando era jogador.

“Eu era, sou e serei um viciado em drogas”, afirmou Maradona em 1996 em entrevista à revista “Gente”. Em 2004, afirmou à rede de televisão argentina “Canal 9”: “Estou perdendo por nocaute”.

Em 2000, o argentino sofreu um ataque cardíaco devido a uma overdose em um resort uruguaio de Punta del Este e passou por um longo tratamento.

Pesando mais de 100 quilos, Maradona teve outra crise cardíaca e respiratória em 2004, em Buenos Aires, que o deixou à beira da morte.

Entre 2001 e 2005, Maradona viajou a Cuba para tratar de sua dependência química. Foi em Havana que ele conheceu Fidel Castro, a quem chamava de “segundo pai”.

Recuperado, fez uma cirurgia bariátrica, perdeu 50 quilos e um ano depois retornou como um apresentador de televisão de sucesso.

Em 2007, os excessos no consumo de álcool o levaram a uma nova hospitalização, agora por hepatite. Depois, foi internado em um hospital psiquiátrico.

Um dos maiores da história
Diego Armando Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 em Lanús, na província de Buenos Aires. “El Pibe de Oro” cresceu em Villa Fiorito, um bairro muito pobre da periferia da capital argentina.

Com apenas 15 anos, Maradona começou a jogar como profissional no Argentinos Juniors, onde atuou entre 1976 e 1981 e fez 116 gols em 166 partidas. Com o sucesso, se transferiu em 1982 para o Boca Juniors, onde ficou apenas uma temporada.

O craque argentino logo foi para o Barcelona, onde atuou entre 1982 e 1984, na transferência mais cara do futebol até então: US$ 8 milhões (US$ 21,5 milhões em valores corrigidos pela inflação).

De lá foi para o Napoli, na Itália, onde ganhou uma Copa da Uefa, dois Campeonatos Italianos, uma Copa e uma Supercopa da Itália entre 1984 e 1991 e virou ídolo.

Em 17 de março de 1991, seu vício em cocaína custou-lhe a primeira suspensão, de 15 meses. Voltou aos gramados pelo Sevilha, da Espanha, onde jogou entre 1992 e 1993, e retornou à Argentina para uma breve passagem pelo Newell’s Old Boys em 1993.

Depois da Copa do Mundo de 1994 (e da sua segunda suspensão), vestiu mais uma vez a camisa do Boca, onde deixou os gramados em 25 de outubro de 1997, cinco dias antes de seu 37º aniversário.

Em uma despedida memorável em 2001, no estádio La Bombonera lotado, Maradona falou sobre seus vícios: “Errei e paguei, mas o que fiz em campo não se apagou”.

Um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, ao lado de Pelé, o craque argentino disputou 676 jogos e marcou 345 gols em 21 anos de carreira na seleção argentina e em clubes.

Maradona também atuou como técnico — atualmente, dirigia o Gimnasia y Esgrima La Plata, um pequeno clube argentino da cidade vizinha a Buenos Aires.

Ele treinou também Mandiyú (1994), Racing (1995), Al Wasl (2011-2012), Al Fujairah (2017-2018) e Los Dorados de Sinaloa (2018), além da seleção argentina na Copa de 2010.

G1




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