Publicado em: 25 out 2016

Relatório da Petrobras cita prejuízo de quase R$ 1 bilhão com a Sete Brasil

Um relatório interno da Petrobras indica que a estatal teve um prejuízo de R$ 987 milhões com irregularidades na construção e contratação de sondas pela Sete Brasil – empresa criada para a exploração do petróleo da camada pré-sal. O dado foi mencionado no indiciamento do ex-ministro Antonio Palocciprotocolado na Justiça Federal na segunda-feira (24).

O ex-ministro dos governos Lula e Dilma responde por corrupção passiva. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, ele é suspeito de receber propina da Odebrechtpara agir em favor da empresa dentro do governo federal. Ele foi preso em meio à 35ª fase da Operação Lava Jato.
Para explorar o petróleo da camada do pré-sal, que fica a até 7 mil metros de profundidade, a estatal criou a Sete Brasil. A empresa é uma sociedade entre a Petrobras, fundos de pensão de estatais e bancos privados. Os diretores foram indicados pela Petrobras.
Esta não é a primeira vez que suspeitas relacionadas à Sete Brasil aparecem nas investigações da Operação Lava Jato.
Ministério Público Federal (MPF), durante 23ª fase, afirmou que embora o discurso tenha sido de estimular o mercado nacional, a criação da Sete Brasil foi uma forma de expandir a corrupção estruturada na Petrobras.
Este prejuízo de quase R$ 1 bilhão, de acordo com as investigações, aconteceu nas negociações para contratação de empreiteiras para a construção e operação de estaleiros e navios-sonda.
Segundo as investigações, a Odebrecht foi uma das empresas que venceram uma licitação para a construção e operação de seis sondas, com valor de 798 milhões de dólares.
E-mails
No indiciamento, a Polícia Federal expõe trocas de e-mail entre o ex-ministro Palocci e Marcelo Bahia Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht. O empresário está preso desde junho de 2015 na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Polícia Federal afirma que trocas de e-mails entre os dois mostram a participação de Palocci para favorecer o grupo em uma licitação em 2011.
Um dos ex-executivos, já condenado em ação da Lava Jato, escreveu que Renato Duque, ex-diretor da estatal, também já condenado, mencionou compromisso com o Partido dos Trabalhadores (PT) de ficar no cargo até solucionar a contratação das sondas.
Email fala sobre permanêcia de Renato Duque em diretoria da Petrobras (Foto: Reprodução)E-mail fala sobre permanêcia de Renato Duque em diretoria da Petrobras (Foto: Reprodução)
Em um dos e-mails, Marcelo Odebrecht afirmou: “se nós soubermos o que queremos, construção ou afretamento, posso passar para o italiano”.
Italiano, segundo as investigações, é o codinome utilizado para se referir a Antonio Palocci no suposto setor de propina da Odebrecht.
Em outro e-mail um ex-executivo sugere, segundo a polícia, a nomeação de Palocci para o Conselho de Administração da Petrobras. No e-mail, ele afirma que Palocci tem força política, conhece a Petrobras e e exerce influência sobre “JSG”, que segundo os investigadores, significa José Sérgio Gabrielle – então presidente da Petrobras.
Reunião com Dilma
No mesmo relatório, no qual indiciou Palocci, a polícia diz que depois de uma reunião oficial com a presença da presidente Dilma Rousseff e de Antonio Palocci, Marcelo Odebrecht escreveu um e-mail aos ex-executivos da empresa.

No texto diz: “Italia saiu comigo, e voltou depois, para me perguntar se eu estava ok com as mudanças para a nova licitação para afretamento pois ia conversar com josé sérgio grabrieli. Eu disse que sim.”

Polícia Federal cita troca de email de Marcelo Odebrecht em indicamento de Palocci (Foto: Reprodução)
Polícia Federal cita troca de e-mail de Marcelo Odebrecht em indicamento de Palocci (Foto: Reprodução)
Outro lado
A defesa de Antônio Palocci declarou que as acusações são frágeis e que o relatório da Polícia Federal é uma  obra prima de ficção literária, que não se baseia em fatos.
Sérgio Gabrielli disse que não vê irregularidade no fato de um empresário opinar sobre a indicação de um ministro para o Conselho de Administração da Petrobras.
A Odebrecht e a defesa de Marcelo Odebrecht não quiseram comentar.

G1




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