Publicado em: 6 mar 2015

PETROCINZAS

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MARCOS SOUTO MAIOR (*)

                O meu grande amigo, renomado jornalista, articulista e cronista, Martinho Moreira Franco, após ler minha crônica da semana passada, entusiasmou-se no detalhamento do famoso bloco carnavalesco “Grêmio Recreativo Estação Única da Petrobrás”, me atraindo a atenção sobre o que poderia ser o seguinte tema do texto jornalístico semanal e, imediatamente soltou o verbo certo, no tempo apropriado e no gosto popular, para o ousado e atual título: PETROCINZAS! Após a indefinida apoteose artificial do carnaval, sempre é gerado um momento próprio de meditação profunda, sob os efeitos de uma ressaca braba que chega a balançar o fígado, o coração e os rins de cada um, sem falar nos bolsos, que vêm a ser as partes do livro do corpo mais sensíveis que aprendi no curso ginasial, onde todos tentamos enveredar pela anatomia corporal, de saudosa memória e pouca utilidade. Os médicos é que o digam.

Contudo, o espírito carnavalesco se perpetua na comum eternidade, aonde o mérito e as razões não são bem carregados nas costas de todos brasileiros de múltiplas formas de salários e de partidos políticos, para todo gosto e desgosto, conforme dispostos nem sempre abertos para justificar o que não presta à justificação temerária. Assim, neste momento de cinzas, os Unidos da Petrobrás passam a ser chamados Petrocinzas, um paraíso imensurável de verbas públicas onde alguns trabalham com afinco e, outros, desviam, com grande força, todo o produto derivado do petróleo.

Eis que as cinzas funestas chegaram, lentamente, sobre mares calmos, nos quais despejaram caminhos desviados para abertas ilicitudes e, até, um grande navio-plataforma explodiu do nada, com indefesos mortos e feridos, na mesma intensidade do dinheiro público sobeja nos bolsos dos sabichões da ala de fantasiados dos desgovernados da Petrocinzas! Os vulcões artificiais do Brasil, a preços de muito ouro, continuarão vomitando na cara do povo, mostrando nitidamente ao mundo montanhas de cinzas desaproveitadas para o nada onde as nuvens de cinza são sempre sopradas pelos ventos umedecidos, sem deixar qualquer rastro que possibilite a técnica da papiloscopia enxergar culpados nas investigações…

Louvo-me na sabedoria de Martin Luther King, líder norte-americano que atuou contra a discriminação racial, verbis: “O que me preocupa não é nem os gritos dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… o que me preocupa é o silêncio dos bons!” E é exatamente isto que a finada Petrocinzas aparece na mídia oficial e vitrines da vida nos padecendo dos desgovernos que teimam em censurar sem rumo, para ninguém saber.

 

(*) Advogado e desembargador aposentado




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