Publicado em: 2 jul 2015

Paraibano que pesa quase 500 quilos consegue tratamento em hospital

Carlinhos deve iniciar o tratamento ainda essa semana, em Recife

Carlos Antônio dos Santos Freitas, de 28 anos, é bastante conhecido na cidade de Patos, na Paraíba. Principalmente por sua comovente história de vida – nascido em uma família pobre do interior do estado, “Carlinhos”, como é conhecido por todos, possui uma série de distúrbios mentais e é portador de obesidade mórbida. Segundo a mãe, a dona de casa Cacilda Patrocínio dos Santos, o filho pesa, atualmente, 475 quilos.

Por conta do peso, o homem não consegue mais andar, e só consegue dormir sentado, encostado na parede de sua casa, localizada em um conjunto habitacional do bairro Monte Castelo, em Patos.

– Ele passa o dia todo sentado no meio da casa. A vida dele consiste em jogar videogame e assistir à televisão. À noite, ele se arrasta até a parede para dormir. É muito difícil para mim, minha vida é muito sofrida. Sofro de pressão alta, e a situação do Carlinhos só piora o meu quadro – desabafa Cacilda, de 52 anos.

O maior desafio para a família é conseguir tratar a obesidade do filho. Cacilda conta que, mesmo com um cronograma de refeições, o filho come além da conta. Ele chegou a ser internado em um hospital de João Pessoa, aos 23 anos, com o objetivo de perder peso para conseguir realizar a cirurgia bariátrica. Porém, segundo ela, o filho não reagiu bem à internação, pois “não conseguia ficar parado” e “não aceitava os medicamentos”.

A mãe de Carlos diz que o Hospital Regional de Patos permite mais que o filho seja internado na unidade
A mãe de Carlos diz que o Hospital Regional de Patos permite mais que o filho seja internado na unidade Foto: Reprodução / Facebook/Patos da Depressão

Ao longo deste ano, Carlos já foi internado diversas vezes no Hospital Regional de Patos. No início de maio, segundo a mãe, o filho apresentou problemas respiratórios e teve que ficar quase 30 dias internado. Em junho, voltou ao hospital com suspeita de infarto. Porém, dessa vez, Cacilda diz que a diretora da unidade só o deixou ficar em observação por um dia.

– A diretora do hospital não deixa mais ele ser internado na unidade. Ela me disse para levar ele para casa, que o lugar dele é lá – conta a mãe, que afirmou que Carlinhos recebe acompanhamento em casa de um psicólogo e de um nutricionista, mas que, mesmo assim, não consegue perder peso.

Para tentar salvar o filho, Cacilda divulgou um vídeo em redes sociais que mostra as dificuldades enfrentadas por Carlos no dia a dia. Com isso, a mulher esperava conseguir ajuda para o tratamento do filho. A repercussão foi positiva, e o filho conseguiu uma vaga no Hospital das Clínicas de Recife, em Pernambuco, onde deve ser internado ainda esta semana. Segundo ela, o objetivo é que Carlos perca peso para, finalmente, conseguir realizar a cirurgia bariátrica.

– Queria ver meu filho andando, sendo feliz, levando uma vida normal. Entreguei nas mãos de Deus. Espero que o tratamento dê resultados – conta a dona de casa, que ficará no hospital com Carlinhos durante o processo.

O EXTRA entrou em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Regional de Patos, mas, até agora, não obteve retorno.

ATENÇÃO: IMAGENS FORTES

 

‘Mesmo com todas as dificuldades, o Carlinhos nunca reclama da vida. Diz que é feliz, que tem Deus na vida dele’

O drama de Carlinhos começou quando tinha nove meses de idade, após passar uma noite inteira desmaiado. A família, muito pobre, não sabia o que poderia ter causado o problema, e tiveram que viajar por mais de três horas para chegar até o hospital mais próximo, localizado em uma cidade vizinha de Patos. Na época, moravam no município de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte.

– Quando o médico viu o estado do meu filho, disse que não tinha mais jeito, que o problema era muito sério e que ele iria morrer. Levamos, então, o Carlos para uma clínica particular de Patos, graças a uma prima que tinha plano de saúde. Se não tivéssemos internado ele lá, não estaria vivo – relembra Cacilda.

Após cinco dias internado, o menino recebeu alta e voltou para casa. A mãe achou que o filho não fosse apresentar sequelas, mas começou a suspeitar de que algo estava errado quando completou dois anos e o menino não sabia andar ou falar.

– Pensei que ele estivesse demorando a andar porque era gordinho, achei que fosse normal. Porém, foi só quando fez cinco anos que percebi que não era uma criança normal. Não ficava quieto, tinha que segurá-lo o tempo todo porque fugia de mim. A escola falou que não dava mais para ele continuar estudando lá – lembra.

A mãe suspeitou que havia algo errado com o filho porque apresentava dificuldades para andar e falar
A mãe suspeitou que havia algo errado com o filho porque apresentava dificuldades para andar e falar Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Aos 12 anos, Carlinhos começou a tomar remédios controlados e a estudar em uma escola especial de Patos, que ele frequentou até os quinze anos.

– Ele amava a escola, pelos colegas, pelas professoras. Mas não conseguia se comportar, não deixava os outros quietos, era um problema sério. Fui chamada diversas vezes até a escola. Acabei tirando ele de lá, pois, além de não estar aprendendo nada, não deixava os outros aprenderem. Foi difícil para mim, pois tinha que trabalhar para sustentar ele e mais dois irmãos – conta a mãe, destacando que o filho nunca reagiu bem aos tratamentos e que nunca mais estudou.

Com o tempo, o peso do jovem só aumentava. A mãe atribuía o sobrepeso à genética, pois as avós também sofriam com o excesso de peso. O filho também começou a apresentar um comportamento agressivo e rebelde, chegando a fugir de casa algumas vezes na época em que ainda conseguia andar para pedir dinheiro na rua.

Há dois meses, Cacilda, o marido, Carlinhos e seu irmão mais velho se mudaram para uma casa em um conjunto habitacional em Patos. Segundo a mulher, a casa é bem pequena, e o filho só conseguiu passar pela porta depois de muito esforço. Nesta terça-feira, a prefeita da cidade, Francisca Motta, foi até a residência e prometeu que iria construir um quarto adaptado para Carlinhos, com banheiro. Afinal, nem tomar banho adequadamente ele consegue por conta do sobrepeso.

– É uma batalha cuidar dele em casa. Com a nova casa, ficou mais fácil de dar banho nele. Mas, mesmo com todas as dificuldades, ele nunca reclama da vida. Diz que é feliz, que tem Deus na vida dele. Tem horas que ele grita e chora porque está com dor nas pernas, mas sempre se acalma. É muito querido por todos, gosta de conversar, apesar de pensar como uma criança – diz Cacilda.

Com Extra 



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