Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos: Cartaxo sai do PT
Por: Aline Lins
O Partido dos Trabalhadores perdeu o único prefeito eleito pela legenda em 2012 nas capitais nordestinas. A decisão política do prefeito de João Pessoa Luciano Cartaxo de deixar o PT para se filiar ao PSD pega de surpresa os petistas e abre as portas para novas alianças partidárias rumo a 2016, quando Cartaxo será candidato à reeleição. Na avaliação do presidente do PSDB estadual, Ruy Carneiro, não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. Nesse ponto, não há nenhuma dúvida: hoje não ficou um ovo inteiro nas hostes do PT!
O PT na Paraíba nesse momento ‘lambe as feridas’, discutindo como vai proceder diante do anúncio e da debandada que está prestes a acontecer no partido – com anúncios já da saída de Bira e do lendário Adalberto Fulgêncio, com 30 anos de casa.
De acordo com o prefeito Luciano Cartaxo, pesaram para a sua desfiliação, primordialmente, os escândalos nacionais de corrupção envolvendo o nome da sigla, fato que estaria dificultando a gestão da cidade de João Pessoa.
Como é compreensível, o presidente estadual do PT, Charliton Machado, diz não acreditar nos argumentos de Luciano Cartaxo para sair do partido, uma vez que o prefeito “sinaliza para aliança com setores conservadores da política da Paraíba”. Charliton lamentou a decisão do prefeito porque, no seu entendimento, o mérito da candidatura dele é “coletivo do PT”, e cita inclusive o velho termo “protagonismo” utilizado pela legenda quando concorreu à prefeitura em 2012, mas esquece de mencionar o peso do ex-prefeito Luciano Agra para o êxito da candidatura petista naquela época.
No xadrez da política paraibana, são raras as jogadas que, como a desta data de quinta-feira, dia 17 de setembro de 2015, causam tamanha surpresa e até admiração. Para citar as mais antigas, teve a saída de Ricardo Coutinho do PT para concorrer pela primeira vez à prefeitura de João Pessoa, pelo PSB, quando se viu com a candidatura impedida pelo PT. Também houve a aliança entre PSB e PSDB para governo do Estado, que elegeu Ricardo Coutinho com o apoio de Cássio Cunha Lima em 2010. Depois, veio a já mencionada aliança de Cartaxo com Luciano Agra, num L e L que rendeu a vitória do petista à Prefeitura de João Pessoa, com o apoio inclusive de Lula, derrotando os candidatos do PSB e do PMDB. E mais recentemente, em 2014, o prefeito Luciano Cartaxo levou o PT a apoiar a reeleição do governador Ricardo Coutinho já no primeiro turno das eleições.
Diante desses casos em que na maioria das vezes os projetos político, partidário, administrativo são os apresentados como justificativa para as alianças mais insólitas, o desgaste do PT e do governo Dilma é o argumento mais convincente que poderia haver. E, como disse o próprio Cartaxo, a decisão que ele tomou é para quem tem coragem.
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