Publicado em: 5 fev 2020

HU de João Pessoa sedia I Simpósio Multidisciplinar sobre Hanseníase

O Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos de hanseníase em todo o mundo. A maior incidência está na população negra, com uma taxa de detecção de mais de 70%. Para falar sobre a doença, que ainda carrega um forte estigma e muito preconceito, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Rede Ebserh, sedia, no próximo sábado (8), o I Simpósio Multidisciplinar sobre Hanseníase.

O evento acontece no auditório professor Lindbergh Farias, a partir das 8 horas, e tem a realização da Liga Acadêmica de Reumatologia da UFPB (Lareu), com o apoio das Sociedades Paraibana de Reumatologia e Paraibana de Dermatologia. O público-alvo são acadêmicos de medicina e demais segmentos da saúde, além de médicos, residentes e profissionais que atuam nesta área.

As inscrições ainda estão abertas e são gratuitas, devendo ser efetuadas por meio de endereço eletrônico: http://bit.ly/396MqTx. Os participantes terão direito à certificação. A programação consta de duas mesas redondas e terão especialistas renomados como palestrantes a exemplo das dermatologistas Esther Palitot, Francisca Estrela, Joanne Elizabeth Ferraz, Juliana Nunes e Luciana Trindade. Também vão participar do Simpósio a neurologista Bruna Nadiely e as reumatologistas Alessandra Braz e Karla Valéria Campos. Como moderadores, estão os dermatologistas Carla Gayoso, Renata Rodrigues e Mohamed Azzouz.

Segundo as médicas idealizadoras do Simpósio, Alessandra Braz e Joanne Ferraz, o objetivo é chamar atenção para a importância de se pensar em hanseníase enquanto diagnóstico; ampliar os conhecimentos tanto para pessoas que trabalham com doenças de pele, neurológicas e do acometimento articular, assim como difundir conhecimento para médicos e pessoas que realizam atendimentos em atenção primária. Trata-se ainda de um evento educacional, contemplando os estudantes da área de saúde e residentes das áreas de clínica médica, enfermagem, entre outras.

Um estudo feito na Paraíba analisou a distribuição geográfica da hanseníase segundo os municípios, sendo Campina Grande, João Pessoa e Cajazeiras as localidades que apresentaram maior incidência. Segundo dados do Ministério da Saúde, no período de 2012 a 2016, foram diagnosticados 151.764 casos novos de hanseníase no Brasil, o que equivale a uma taxa média de detecção de 14,97 casos novos para cada 100 mil habitantes.

Assistência no HULW

No ambulatório de hanseníase do Hospital Universitário Lauro Wanderley são acompanhados mensalmente cerca de 60 pacientes, que estão em tratamento da doença ou de complicações decorrentes. Dados do serviço de dermatologia mostram que foram realizadas 413 consultas ao longo de 2019.

“São pessoas encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde de João Pessoa ou de cidades do interior do Estado para os ambulatórios de Dermatologia do HULW. Além da assistência aos pacientes, existe a função educacional, onde atuam professores, pós-graduandos e graduandos dos cursos de medicina, enfermagem e terapia ocupacional da UFPB”, destacou a dermatologista Joanne Ferraz, uma das idealizadoras do Simpósio Multidisciplinar sobre Hanseníase.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica e granulomatosa, que compromete principalmente a pele e pode afetar praticamente todos os órgãos ou sistemas. “Dentre os locais extracutâneos, destacam-se os nervos periféricos e as articulações. As formas de manifestações na pele variam a depender da resposta imune do paciente”, afirma Joanne Ferraz.  

A médica explica que o diagnóstico é feito pela detecção de manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, que apresentam alterações de sensibilidade. “Alguns pacientes podem apresentar formigamentos, dores tipo ‘choque’ ou dormência em braços e pernas, podendo se machucar ou se queimar sem perceber”, disse.

No Brasil, a terminologia “hanseníase” foi adotada em substituição ao termo “lepra”, a fim de diminuir o preconceito relacionado à doença. Contudo, os pacientes ainda são vítimas de discriminação e exclusão social, apesar de ser uma doença curável e com tratamento gratuito.




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