Publicado em: 26 dez 2013

Feirante usa Facebook para dar receitas e atrair cliente a banca

20131225100152A feirante Vilma Sakai Nishiyama, 47, é dona de uma das bancas mais movimentadas nas feiras livres de Jundiaí (58 km a noroeste de São Paulo), segundo os frequentadores.

O motivo? A divulgação de receitas no Facebook para serem feitas com os legumes, ovos e molhos que vende em sua “loja” ao ar livre.

Atualmente, a empresária, que trabalha de terça-feira a domingo nas feiras da cidade, comercializa a média de 25 caixas com 30 dúzias de ovos por semana, 20 sacos de 20 kg de cebola e 15 sacos de 50 kg de batata.

O negócio, que inclui um caminhão e uma van, fatura R$ 15 mil por mês.

Segundo ela, muitos clientes que visitam a sua página na rede social vão à feira comprar os ingredientes para testar as receitas.

A iniciativa começou em 2008, quando uma cliente foi comprar minicebolas e perguntou se a feirante sabia como fazer o legume em conserva.

“Insisti muito para uma outra mulher que vinha sempre aqui me passar a receita. Testei em casa, deu certo, imprimi e comecei a dar o papel com a receita como brinde para quem vinha comprar minicebolas”, afirma Nishiyama.

Por meio das receitas e pela longa experiência na feira –o negócio foi iniciado pelo pai, Sakai Massao, há quatro décadas– Nishiyama diz que desenvolveu uma rede de relacionamento com os frequentadores. Todos os clientes que se aglomeram na banca de 16 metros de comprimento a chamam pelo nome.

A movimentação não é grande apenas nas primeiras horas da feira, como ocorre tradicionalmente, mas praticamente durante toda a manhã.

Receitas garantem publicidade da banca A partir da receita da minicebolas, Nishiyama começou a testar a fórmula também para fazer batatinha em conserva. Depois de várias experiências, ela passou a dar dicas para preparar o prato e, posteriormente, outras receitas surgiram.

Hoje ela ensina a fazer suflê de frango, patê de tofu e publica textos com as características dos alimentos.

Além de postar as receitas no Facebook, ela fala sobre elas na feira, onde está sempre com o celular nas mãos para receber encomendas por meio de WhatsApp (aplicativo de mensagens instantâneas) ou torpedos de clientes fiéis, que compram toda semana.

Para cativar os clientes, Nishiyama também passou a enviar os textos por e-mail. “Não tenho dúvidas de que as receitas ajudaram a manter o negócio firme em tempos de queda nas vendas gerais das feiras”, afirma.

A banca de Nishiyama também é reconhecida pela diversidade. Só de cebolas há, ao menos, quatro tipos: roxa, branca, para conserva e tradicional. Há ovo de granja, grãos, produtos exóticos como batata yacon, molhos importados e pimentas. E isso, segundo ela, também atrai clientela.

Para montar a banca, a equipe de Nishiyama, composta por mais dois funcionários, leva cerca de duas horas.

No entanto, essa rotina pode estar com os dias contados. A Prefeitura de Jundiaí sinaliza que vai obrigar todos os feirantes a trocarem as bancas de madeira por outras de alumínio.

Nishiyama calcula que precisará investir cerca de R$ 15 mil para se adaptar à exigência. Ainda não há uma data para a mudança entrar em vigor.

Feirante fez cursos para gerir o negócio Além da experiência no negócio (trabalha na banca desde os 12 anos), Nishiyama, que é formada em matemática, foi buscar aperfeiçoamento este ano e virou xodó no escritório do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em Jundiaí, segundo os consultores.

“A dona Vilma é uma feirante diferenciada e utiliza a internet para divulgar seus produtos com receitas e pacotes específicos para seus clientes. Ela dá um ótimo exemplo de novas abordagens de marketing”, diz Vadson Bastos, consultor da unidade que acompanha o trabalho da empreendedora.

Segundo ele, Nishiyama tem participado de uma série de palestras programadas pelo Sebrae em parceria com a prefeitura para levar informações e orientações a um grupo de feirantes.

“O feirante precisa se enxergar como um empresário e aplicar os conceitos de gestão empresarial para que possa sobreviver com competitividade no mercado”, afirma.

Madrugar e trabalhar sob sol e chuva são contratempos da profissão Nishiyama dorme todos os dias às dez da noite e acorda, impreterivelmente, às 3h. Meia hora depois, ela e os dois funcionários já estão no caminhão, que é carregado no dia anterior antes de irem dormir.

“Apesar de todos os contratempos, como chuva, sol ou mau humor de algumas pessoas, preciso sempre ser carismática, divertida e prestativa. E só não faço mais relacionamento com clientes porque precisaria de mais um funcionário na banca. Procuro alguém há dois anos e meio e não encontro”, afirma.

Segundo o consultor do Sebrae, além de ter de acordar cedo, os feirantes também concorrem com os supermercados e suas comodidades, como horário estendido e estacionamento. Por isso, eles são obrigados a encontrar diferenciais.

“É preciso criatividade e inovação para terem um contato mais próximo e um melhor atendimento. Isso a dona Vilma Nishiyama faz muito bem. Conhece cada um dos clientes pelo nome e preferências de consumo, fazendo promoções específicas e atendimento personalizado.”

 

UOL




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