Publicado em: 28 maio 2014

Fábrica de Pernambuco será da Jeep, e não da Fiat

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A nova fábrica da Fiat em Goiana (PE), que deve ser inaugurada em janeiro próximo, terá como primeiro modelo um carro da Jeep, o Renegade. O segundo será a (ainda misteriosa) picape média da marca italiana. O terceiro, porém, vai ser novamente um Jeep, que substituirá o Compass e se posicionará abaixo do Cherokee no portfólio da grife de utilitários. Ainda não há planos para o que virá depois, mas nenhum outro modelo Fiat está na fila.

Em outras palavras: a futura fábrica de automóveis pernambucana será da Jeep, e não da Fiat, como vinha sendo anunciado aos quatro ventos desde que se falou nela pela primeira vez, em 2010 — ano em que a Fiat comprou uma empresa local de componentes elétricos, numa manobra para garantir futuros benefícios fiscais. UOL Carros apurou que a titularidade da Jeep — marca mais global da Chrysler e única com chances reais de fazer bonito na China, marcar presença na Europa e vender bem aqui no Brasil — deve ser oficializada até na caracterização visual da unidade, com o emblema da marca americana em destaque.

A correção nos rumos da nova planta estava nas entrelinhas das metas anunciadas há algumas semanas pelo chefão Sergio Marchionne e outros executivos para o grupo FCA (Fiat Chrysler Automobile), que surgiu em janeiro deste ano com a aquisição total da Chrysler (e suas submarcas Dodge, Ram, SRT e Jeep) pela Fiat.

Mike Manley, da Jeep, previu produção de 200 mil carros/ano na América Latina até 2018. Quando disse “na América Latina”, quis dizer “na futura fábrica no Brasil”.

Ora, se a capacidade inicial de produção de Goiana será de 250 mil carros/ano, e evidentemente ela não vai crescer entre 2015 e 2018, a Fiat responderá por apenas 20% do total. Será quase uma “convidada” (ou inquilina) na linha pernambucana. (Ao menos em tese, após a formação do grupo FCA a eventual troca de bandeira entre Fiat e Jeep em Goiana não tem implicações legais, já que o capital — inclusive o emprestado pelo BNDES — é o mesmo.)

Ao mesmo tempo, a capacidade produtiva de Betim (MG), sede da Fiat no Brasil, deve atingir pico de 950 mil carros/ano, partindo dos 800 mil que tinha como limite em 2011. Isso significa que, à exceção da picape média, todos os novos modelos da marca italiana a serem lançados no Brasil até 2018 — a saber, um subcompacto para substituir o Mille e um crossover urbano compacto menor que o Renegade — serão feitos em Minas, e não em Pernambuco.

O fim da produção do Mille e a citada ampliação da unidade de Betim já seriam suficientes para garantir espaço físico às linhas desses dois novos carros. E não custa lembrar que a principal missão delegada pela FCA à Fiat no Brasil foi a de segurar a liderança do mercado até 2018. Uma abordagem qualitativa, em vez de quantitativa.

JIPINHO FUNDAMENTAL A troca na titularidade da fábrica de Goiana mostra a importância do Renegade nos planos da FCA — equivalente à nova importância da Jeep dentro do grupo. O utilitário deve chegar às lojas em abril de 2015, depois dos lançamentos na Europa e nos Estados Unidos (setembro e novembro, respectivamente) e de uma primeira exibição aos brasileiros no Salão do Automóvel de São Paulo (outubro).

Com preço inicial estimado em pouco menos de R$ 70 mil (versão 4×2) e a instigante possibilidade de ter uma versão 4×4 movida a diesel, o Renegade ficará com a maior fatia dos 250 mil carros/ano da nova fábrica. A aposta é que o brasileiro aceitará pagar um pouco mais por um SUV que tenha real capacidade off-road. A batalha mais importante será com o Ford EcoSport — e basta checar os números para notar que o Renegade almeja nada menos que a liderança entre os utilitários leves no país.

UOL




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