Publicado em: 15 set 2020

Ciclo de debates da FCJA discute democratização da mídia

O segundo dia do evento Diálogos Presentes, realizado pela Fundação Casa de José Américo (FCJA), teve como tema a democratização da mídia. Transmitido ao vivo pelo canal da FCJA no YouTube, o encontro contou com a participação da jornalista e professora Joana Belarmino e do advogado Wigne Nadjare, mediados pela historiadora Ana Paula Brito, coordenadora do projeto de criação do Memorial da Democracia da Paraíba. O painel aconteceu dentro do evento virtual “Democracia? Responsabilidade política e cidadania consciente”, que acontece todas as terças-feiras deste mês. 
 
Para Joana Belarmino, que também é editora-adjunta do periódico científico Âncora – Revista Latino-americana de Jornalismo, a sobrevivência da mídia tradicional brasileira está nela mesma. “Basta abrir espaço para o debate sobre a sua democratização e fazer o mea culpa necessário diante do processo que nos trouxe a um momento tão difícil. Do contrário, ela será engolfada pelos algoritmos”, argumentou. Joana defende que o debate e a educação crítica são primordiais para que a sociedade perceba a necessidade dessa democratização. “Sem ela, não há projeto de cidadania”, disse.
 
O advogado Wigne Nadjare, que tem forte atuação em direitos humanos e é coordenador do Fórum Interinstitucional pelo Direito a Comunicação, corroborou a fala da professora e destacou que nunca foi tão urgente lutar por um marco regulatório. No entanto, ressaltou que, independentemente da regularização do Artigo 221 da Constituição Federal, que prevê a regionalização da produção cultural, artística e jornalística e o estímulo à produção independente, entre outros, é obrigação das rádios e TVs se pautarem por esses princípios, pois eles contemplam o estado democrático de direito. “A cidadania se constrói a partir do espaço de fala, da disputa de narrativas. O jornalismo que se pauta por interesses de quem está no poder atenta contra a nossa Constituição”, disse.
 
Além do marco regulatório, Wigne também defende a criminalização da propagação de notícias falsas. “Essas notícias causam danos profundos na democracia. Estamos vivendo isso. Além de combatê-las, devemos propagar os espaços alternativos de construção da informação e usá-los como uma ferramenta contra o monopólio da notícia e contra a desinformação”, destacou. 
 
Sobre censura e liberdade de expressão, Joana falou que esses dois princípios têm sido utilizados de acordo com o interesse de quem os conclama. Ela também destacou que, bem ou mal, a mídia exerce o papel de vigia da sociedade, e deve ser defendida. “No entanto, a maneira de se fazer comunicação precisa ser repensada. A verdade é sempre uma incompletude, mas é por ela que o jornalismo deve se guiar”, disse.
 
Milícias – Esse segundo encontro contou, ainda, com a participação do jornalista e escritor Tiago Germano. Ele deu um testemunho sobre as agressões cibernéticas que experimentou depois de ter se posicionado contra outdoors espalhados em João Pessoa em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. 
 
“O vídeo virou foco de um ataque da milícia virtual bolsonarista”, contou. Sobre o episódio, a professora Joana salientou: “Não estamos alfabetizados para o uso das redes sociais. Educação é a saída, não há outro meio”, finalizou.




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