Publicado em: 23 fev 2016

Caaporense ilustre volta à cidade após décadas morando nos Estados Unidos e visita historiadora

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Escritor Domicio Coutinho e a historiadora Lúcia Santos em Caaporã

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Após décadas sem visitar sua cidade natal Caaporã, e sem vir ao Brasil, o Caaporense ilustre, Domício Coutinho, aproveitou o período de férias para rever a terra onde nasceu. Domício e sua esposa estiveram em Caaporã neste domingo (21), onde foram recepcionados pela historiadora Lúcia Santos de Lima, que apresentou à ele um cordel que fez em sua homenagem.  Aos 83 anos, o escritor Domício Coutinho fez o que muita gente sonha e não realiza: espalhar cultura brasileira pelo mundo.

Nascido em Caaporã, o paraibano espalha a literatura e cultura brasileira nos Estados Unidos (EUA), onde vive há 56 anos.

Ao lado da historiadora, Domicio visitou uma das mais antigas igrejas da região e esteve na residência de Lúcia Santos que o presenteou com um livro que conta a história de Caaporã.

Nosso Portal do Litoral foi a fonte de pesquisa para que Domício voltasse a sua terra, pois sempre publicamos matérias sobre ele, fato que chamou atenção dos familiares e o faz acessar por diversas vezes o site para ter noticias da Paraíba.

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A História de lutas e sucesso do escritor Domicio Coutinho, é celebrada com muito orgulho por quem tem a oportunidade de conhecê-la.

O jovem Coutinho nunca imaginou viver em Nova York e fundar a Brazilian Endowment for the Arts (BEA), instituição que divulga a cultura brasileira na principal cidade norte­americana. Mas foi justamente o que aconteceu.

“O Brasil está na boca do mundo. A comida, o Carnaval, a música, as meninas, tudo é celebrado, mas a nossa literatura infelizmente não é”, explica o brasileiro no meio dos 6.000 volumes da Biblioteca Machado de Assis, uma das raras bibliotecas de literatura brasileira nos EUA abertas ao público e que está instalada em Manhattan.

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Com cerca de 35 escritores associados e centenas de eventos realizados nos últimos dez anos, a BEA atrai muitos visitantes brasileiros e realiza anualmente o encontro de escritores de todo mundo no local.

Coutinho sabe que o seu trabalho não está terminado ­ e que, aos 83 anos, poderá não viver para testemunhar o reconhecimento que sonha para a literatura do Brasil. “A minha família, os meus filhos, têm instruções para continuar este trabalho”, diz.

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O ex-­seminarista nasceu três meses depois do pai ter morrido. Com sete filhos para criar, a mãe deixou a pequena cidade de Caaporã e foi para Pernambuco.

Aos 12 anos, o paraibano entrou para um seminário e dez anos mais tarde foi para Roma estudar na Pontifícia Universidade Gregoriana, até que viajou com um amigo pela Europa e na Áustria conheceu o primeiro amor. “Senti que não era vida para mim”, explica.

Durante três anos, Coutinho trocou cartas de amor com uma jovem austríaca e quando retornou ao encontro da moça, o romance terminou e ele partiu para Nova York, onde vive até hoje. Casou­-se com uma brasileira e teve dois filhos. Depois de alguns anos de aluguel, decidiu comprar um edifício de três apartamentos no Queens por US$ 14 mil. Vivia em um e alugava os outros dois. Três anos depois, vendeu a casa por US$ 55 mil. Comprou outra, que tornou a vender. Depois uma terceira, e outra, e outra. Fez fortuna.

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As casas dele rapidamente se tornaram pontos de encontro para os intelectuais da diáspora brasileira. O grupo cresceu e, anos depois, começou a reunir-­se no consulado brasileiro em Nova York.

No início dos anos 2000, o espaço era, muitas vezes, indisponível e começava a ser pequeno para os milhares de volumes que se acumulavam.

Perto dos 70 anos, Coutinho já não alimentava a ilusão da infância de que seria um escritor de sucesso ­planejou lançar suas memórias, “Aventuras de um Pau­ de­ Arara”, que terminou como um livro de poemas. Além disso, ele publicou também um romance.

Cordel de Domício Coutinho

Por: Lúcia Santos de Lima

I

Queridos Caaporenses

Prestem bem atenção

Este cordel que eu faço

É com grande emoção

Homenageando esta pessoa

Que veio a nossa cidade

A quem tenho admiração.

II

Esta pessoa é

Um grande conterrâneo

Que há 56 anos vive

Num país que não é nosso

Mas todos hão de convir

Que hoje ele está aqui

Neste recanto que é nosso.

III

Este conterrâneo é

O Senhor Domício Coutinho

Que saiu da nossa cidade

Ainda bem pequenininho

Mas que hoje veio rever

O seu pequeno torrãozinho.

IV

A sua biografia

Agora eu vou relatar

Com muito orgulho e carinho

Sua história contar

Para que todos saibam

O tesouro escondido

Que tinha este lugar.

V

José Domício Coutinho

É o seu nome completo

É natural de Caaporã

No tempo de Boca da Mata

Nós só temos a agradecer

Por nossa cidade ter

Um cidadão diplomata.

VI

Domício Coutinho nasceu

Em primeiro de maio de 1931

É casado com Socorro Vanzan

A mulher de quem ele é fã

Que lhe trouxe sucesso na vida

Dando-lhe dois filhos maravilhosos

Formando sua nova família.

VII

Senhor Domício Coutinho

Talvez não conheceu seu pai

O mesmo faleceu muito cedo

Deixando um vazio total

Numa família de 7 filhos

Que no romper do ano novo

Ficaram todos sem pai.

VIII

Sua mãe preocupada

Com o que aconteceu

Vendeu tudo que tinha

Foi assim que sucedeu

Partiu com suas riquezas

Seus 7 filhos queridos

Que um dia Jesus lhe deu.

IX

Partindo com estes filhos

Para o Estado de Pernambuco

Para tentar a sorte

E também recomeçar tudo

Confiando no próprio destino

Pediu proteção ao Divino

E seguiu seu novo rumo.

X

Chegando em Pernambuco

Começou a sua luta

Para criar seus filhos

Mas não desistiu da labuta

Pois o ditado já diz

Fardo pesado Jesus só dar

A quem pode carregar.

XI

Os tempos se passaram

Domício começou a estudar

Aos doze anos de idade

O seminário foi frequentar

Pois era sua vocação

Servir de sacristão

E para Jesus trabalhar.

XII

Estudou em uma escola na Várzea

Depois no seminário em Olinda

Seguindo sua vocação

Dentro daquela instituição

Foi até a região Sul

Onde fez Filosofia

No estado do Rio Grande do Sul.

XIII

Não pense que parou

Agora é que começou

Domício foi mais além

Bacharelou-se em Teologia

Isto foi em Roma

Na capital da Itália

Que ele estudou também.

XIV

Faltava-lhe um ano

Para sua ordenação

Quando Domício descobriu

Que não era a sua vocação

Desistiu do celibato

Pois não era seu “barato”

A vida de padre não.

XV

Voltou para o Recife

Mas não desistiu de estudar

Bacharelou-se em Anglo- Germânica

Ali era o seu lugar

Concluindo também

O segundo ano de direito

Mas nada deixou passar.

XVI

Neste mesmo período

Domício então resolveu

Rever o seu grande amor

Que em Viena deixou

Era uma viagem triangular

Que incluía Nova York

E também este lugar.

XVII

Na catedral São Patrício

Domício foi até lá

Ouvir do famoso Fulton Sheen

E seus pecados confessar

Não sei o que tinha feito

Mas queria de todo jeito

Sua consciência limpar.

XVIII

Naquele momento Domício

Começou a lhe falar

O que tinha acontecido

Em sua vida particular

O pecado não saia em inglês

Domício disse-lhe então

É em latim que eu vou contar.

XIX

O padre impressionado

Com a sua confissão

Não se sabe com o pecado

Ou com o latim então

Resolveu dar a Domício

Ali mesmo naquela igreja

Um emprego de sacristão.

XX

A partir daquele momento

Domício estava empregado

Com mesada e salário mínimo

Para auxiliar aquele padre

Foi assim que aconteceu

Na cidade de Nova York

Os primeiros dias seu.

XXI

Depois de três meses

Domício voltou a estudar

Na Universidade de Nova York

O mestrado foi cursar

Defendendo a tese

Em literatura comparada

E mais um objetivo alcançar.

XXII

Mas ainda tem mais

Não pense que parou

Domício também é escritor

Autor de várias obras

Em inglês, espanhol e português

Ele é mesmo um poliglota.

XXIII

No ano de 1976

Domício também lançou

Seu primeiro livro de poesias

Que de Salomônica chamou

A Pongetti editou

A obra deste autor

Que é de grande valor.

XXIV

Vejam só minha gente

Ele é muito inteligente

Escreveu outro livro

Que é cara da gente

Este livro chama-se

Aventuras de um Pau-de-Arara

Que do nordestino é mesmo a cara.

XXV

Ele escreveu também

Duke o Cachorro Padre

Um livro de romance

Editado pela Bagaço

Por sinal muito importante

Você viaja no mundo

Ao lado dos seus componentes.

XXVI

Domício Coutinho hoje

Vive em Nova York

Com sua biblioteca brasileira

Atendendo os seus negócios

Venceu todas as barreiras

Teve uma brilhante carreira

E conquistou seu espaço.

XXVII

Este Caaporense hoje é

Destaque em nosso pais

É um paraibano ilustre

Que conquistou o que quis

É por isto que eu me orgulho

De ter esta criatura

Da cidade onde nasci.

XXVIII

Obrigada Senhor Domício

Por ter atendido o convite

E ter vindo a nossa cidade

Que também é seu recinto

Por isto sinta-se à vontade

Nesta pequena cidade

Porque dela você faz parte.

XXIX

Senhor Domício Coutinho

Caaporã só tem a te agradecer

Por este momento impar

E que foi para valer

Pois sua história de vida

Já ficou registrado

Para todo Caaporense saber.

XXX

Aqui eu vou terminando

Este cordel que eu faço

Dedicado a Domício e família

Pelo brilhante trabalho

De mostrar para Nova York

A cultura brasileira

E também seus exemplares.




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