Publicado em: 6 jul 2015

Benção e maldição

Benção e maldição

 

Em um planeta tomado por seres pensantes, um visitante de fora, de outra galáxia, poderia concluir: o triunfo da razão. Entretanto, a ordem natural da humanidade de crescer, multiplicar e aperfeiçoar seus meios trouxe consigo um encargo muito grande, difícil demais para suportar: o sofrimento de uns e a alegria dos outros. A capacidade de racionar, nesse sentido, é nossa benção e nossa maldição.

Há maldade em um tigre que ataca uma gazela? Não, não creio nisso. Instinto de sobrevivência, no máximo. E nós, seres evoluídos, protagonizamos milhares de guerras apenas no último século. E elas seguem acontecendo. Conflitos raciais, étnicos, e os mais comuns: por dinheiro e poder. Aí há maldade, inequivocamente. Usar a força para conquistar aquilo que as palavras foram incapazes. Não é uma boa luta.

No início do ano, um jovem rapaz, ciente da vida que se esvaía de seu corpo, arremessou o avião que pilotava contra os Alpes da França. Levou para a morte 150 passageiros. O único senso de justiça em um caso tão covarde quanto este? A fé. Intervenção divina, quando a força dos homens falha. O piloto cruzou a linha tênue que separa a razão da loucura. Resolveu sua depressão afrontando a vida de dezenas de outras pessoas.

O tecido social da humanidade se fragmenta a cada capítulo como esse. Somos capazes de coisas terríveis, a história mostra. Se o aprendizado fosse hereditário… o mundo estaria mais equilibrado do que se apresenta hoje. Os meios evoluíram, mas não a essência de ser humano. Vivemos uma gladiatura dos novos tempos: suprima a concorrência para vencer. Sabotar o próximo é lição aprendida nas escolas. A razão deveria ser mais inteligente que isso.

A disputa agora é econômica. Vale até espionar nações aliadas, sob o argumento da prevenção. A economia move bilhões. O cidadão comum sente os efeitos, mas apenas tangencia valores monetários, não toca neles. A distribuição de renda é desigual, em todos os países. Que razão há nisso? Os líderes eleitos advogam em favor dos próprios anseios, quando, a bem da verdade, suas procurações são públicas e deveriam focar no gosto da maioria.

A humanidade também compõe a natureza, mas nossas selvas são desequilibradas. Em vez de ciclo vicioso, o mundo merece um ciclo virtuoso, de alterações profundas em sua concepção. Enquanto a mudança não acontece, as pessoas permanecerão dizendo ter razão – sem razão alguma.




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