Publicado em: 13 jan 2016

AS CHUVAS VÃO ROLANDO

      MARCOS SOUTO MAIOR (*)

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                 Os nordestinos, a todo ano, sempre rezam com muita fé a volta com águas dos céus, imprescindíveis para saciar a água de beber e, também para cozinhar a comida da família, na aguação das pastagens, do resto de gado magro, só com pele e osso, bem as frutas da época que não chegam a vir e serve para os estudantes completar em colégios. Nessa derradeira colheita frutíferas, com o imbu, jaca, laranja, jaboticaba, cana, sapoti, caju, e tantas outras que nos deixa de água na boca… Mas a história do povo mais destacado da américa latina, escreveram determinados, na cantoria dos repentistas e nos cordéis, para que as chuvas fossem abertas, pelas chaves do cinturão sagrado de São Pedro, a fim de as águas jorradas pelos céus, caíssem nos açudes a partir dos meses finais do ano, indo até seguinte entre o carnaval em todo país. Ainda menino, ouvia e até cantava as marchinhas das festividades momescas acompanhando e pulando blocos de folia de rua.

Nesta semana passada, tive a oportunidade de andar de carro com meus filhos, passear e olhar pelo sertão do nordeste, onde o verde forma de um tapete, vai dando sinal de já ter começado a dar seus belos frutos naturais amadurecerem junto da preciosa água pura e imaculada. Em algumas fazendas de conhecidos nossos, vimos na feição do matuto o sorriso alegre das chuvas inebriáveis que caem na terra para poder fazer o que sabe muito bem. Uma tapioca fininha com um pedaço de queijo de coalho na manteiga, acompanhada de um café com açúcar, e uns goles de leite tirado da vaca pela manhã, é alimentação forte e gostosa! O poderoso cardápio do mato, como assim se também se chamam, tem sim, supedâneo que são repassados pelas cidades banhadas pelo mar, numa junção eletrizante do Atlântico com o vigorante sertão.

Marchinhas dos carnavais passados, ainda me lembro bem, quando em 1954, Waldir Machado e Zilda do Zé encantou o nosso povo, ao as rádios colocavam os discos de alta rotação, com a música ‘Saca, Saca Rolha’, onde diz ainda hoje: “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, se eu passo a mão na saca-rolha, em bebo até me apagar, deixa as águas rolar.”  Já no ano seguinte de 1955, a grande Carmen Costa compõe a eterna marchinha para enalteceu a figura do bêbado, assim consagrando: ‘Foi numa casca de banana que eu pisei, pisei, escorreguei mas quase cai, mas a turma lá de trás gritou, chi: tem nêgo bêbo aí, tem nêgo bêbo aí”.

Engraçado, que tudo era possível, naqueles saudosos tempos, as músicas carnavalescas tinham um sentido prático, engraçado e também verdadeiro, sem intromissão de qualquer censura estatal que pudesse desabafar o direito de cantar pelas ruas, praças logradouros. O que era bom, acabou durante o movimento militar brasileiro de 1964, quando não se admitiam nenhuma letra musical que pudesse dar qualquer sentido aos membros da liberdade de expressão. Atualmente, bem poderíamos ter blocos de carnaval com muitas marchinhas engraçadas, bastando apenas, as frases sem sentido, mentirosas e repetidas pela dupla Lula e Dilma, gozada em prosa, versos, poesia e muita corrupção sem vergonha, com aparições diárias da inexpressiva ‘VOZ DO BRASIL’, e nos horários pagos pelos cofres do país, onde as gargalhadas são redimensionadas para quem chegou a ver e ouvir.

O Carnaval brasileiro sempre foi muito mais sério, com prestações de contas a população, diferente das viagens dos poderosos e familiares, com jatinhos da FAB e ainda os desvios de verbas públicas do desgoverno federal. E as chuvas vão rolando!

                                                                                          (*) Advogado e desembargador aposentado




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