Publicado em: 21 mar 2018

Após reunião com mães e delegada, Câmara de Areia realizará audiência pública para debater fechamento de escolas

Uma audiência pública para discutir o fechamento das escolas da zona rural da cidade de Areia, no Brejo paraibano, será realizada na próxima segunda-feira (26). O encontro foi solicitado pela Câmara Municipal da cidade atendendo um requerimento do vereador Edvaldo Batista, presidente do legislativo municipal, que foi aprovado em caráter de urgência.  A audiência acontecerá a partir das 15h na Câmara Municipal, com a presença das mães, Sintab, MPA, MST e sociedade em geral.

“Não podemos compactuar com esses desmandos do prefeito João Francisco com a educação do nosso município. São onze escolas fechadas em um ano e nenhum diálogo. A gestão não conversa com ninguém. Esperamos que na audiência o prefeito ou algum representante da Secretaria de Educação compareça já que a presença do prefeito só acontece na hora de fechar as escolas”, falou o vereador informando que a Câmara vai abrir uma CPI da Educação de Areia.

Nesta terça-feira (20), foi realizada uma reunião no pátio da Escola Maria Emília Maracajá, no Sítio São José, para discutir o fechamento da unidade de ensino depois da repercussão nacional do tema devido a reportagem da Revista Carta Capital. A conversa contou com a presença do presidente da Câmara de Vereadores, Edvaldo Batista, além de outros parlamentares, também estiveram presentes a delegada da cidade, Simone Lafet, movimentos sociais e das mães dos alunos.

A delegada disse que era necessário ouvir as mães para ter uma visão de perto e se inteirar dos acontecimentos, sem intermediação. A policial se mostrou sensível ao caso e também informou que o interesse da Polícia Civil se deve ao fato de que algo pode chegar até a delegacia, sob denúncia feita por civis ou, até mesmo, pelo Conselho Tutelar, por abandono intelectual de menor, que é o abandono dos pais ou responsáveis por não matricularem os filhos na rede regular de ensino.

Durante a conversa, as mães informaram que os filhos estão matriculados na Escola Maria Emília Maracajá e que estão tendo aulas nas salas improvisadas embaixo de uma lona preta, em virtude da Prefeitura de Areia se negar a reabrir a escola. Os pais das 50 crianças que estão estudando de forma precária relataram que tentam um encontro com a gestão municipal, mas não conseguem.

“O prefeito veio aqui e informou que a escola iria ser fechada, mas as mães se negaram a assinar a Ata e começaram a procurar os seus direitos juntos à promotoria, bem como buscar apoio de entidades civis que poderiam ajudá-las a sensibilizar e lutar pela permanência da escola, bem da comunidade”, explicou um dos participantes do encontro.

A delegada foi bastante sensível à causa, considerou o movimento como legal e legítimo e disse que a comunidade poderia contar com ela, sempre que precisar.

A verdade

Durante entrevista à imprensa, o prefeito João Francisco (PSDB) garantiu que tinha o apoio da Câmara Municipal e do Conselho Municipal de Educação de Areia para fechar as onze escolas da zona rural. No encontro desta terça, foi lido um parecer do Conselho Municipal, que foi o primeiro órgão a ser ouvido, quando do fechamento de escolas do campo, onde o presidente da entidade foi desfavorável ao encerramento das unidades, informando, inclusive, que houve apenas uma reunião nesse sentido, mas não teria havido acordo entre as mães e a gestão.

Na quinta-feira ( 15) foi aprovada, por unanimidade, uma Moção de Repúdio da Câmara Municipal, ao pronunciamento do prefeito, negando que tenha aprovado requerimento para fechar escola. A Associação dos professores também afirmou que jamais respaldaria o fechamento de escolas. O que foi solicitado dentro de um pacote de sugestões foi “organizar as classes multisseriadas”.

Denúncia

Na reunião, os participantes dos movimentos sociais e entidades informaram que as escolas fechadas pela prefeitura continuarem ativas no MEC. Segundo eles, há cerca de um mês a Escola Maria Emília Maracajá recebeu internet e foi recadastrada como escola ativa. Foi informado no encontro de que a unidade Emília Maracajá é autogestora, ou seja, recebe verba federal para a sua gestão, sendo dependente da prefeitura apenas para a merenda e funcionários.

Deslocamento

As mães não aceitam que os filhos estudem longe de suas casas. Elas afirmaram que moram longe e a maioria leva para chegar até a escola cerca de meia a uma hora. Os pais das crianças  reclamaram do lugar escolhido pela Prefeitura para buscar os alunos que seriam levados para Cepilho, numa barragem. São mais de dois quilômetros de distâncias de casa e informaram que é um “lugar perigoso para crianças pequenas”.

Justiça

O Ministério Público já deu o parecer favorável a reabertura da escola Emília Maracajá. A decisão agora está nas mãos da juíza da Comarca de Areia.




Acompanhe as notícias do Portal do Litoral PB pelas redes sociais: Facebook e Twitter

O que achou? Comente...