Publicado em: 4 set 2014

Advogado paraibano, filho de prefeita tem seu nome envolvido em polêmica em Brasilia

Nino 3

Considerado um dos melhores advogados atuando no Distrito Federal, o paraibano Aluísio Lundgren Correa Régis, filho e conselheiro político-gerencial da mãe, a prefeita Tatiana Correa, do Conde, viu seu nome envolvido em uma confusão através de acusações feitas pela contadora Meire Poza, que prestava serviços para o doleiro Alberto Youssef.

Aluisio, que na Paraíba e no círculo íntimo familiar é conhecido apenas pelo apelido de infância (Nino), advogava (ele anunciou hoje que estava se afastando do caso) para o deputado Luiz Argôlo (SD-BA), que responde a processo por quebra de decoro parlamentar acusado de ter recebido dinheiro do doleiro, que foi preso pela Polícia Federal em uma operação de lavagem de dinheiro.

Em depoimento ontem no Conselho de Ética, o deputado Luiz Argôlo disse que Meire Poza pediu a Aluisio Régis R$ 250 mil para não prestar depoimento à Polícia Federal.

A contadora rebateu a denúncia e apresentou trecho de uma gravação em que o advogado paraibano complica ainda mais a vida do seu ex-constituinte afirmando que os deputados sabem da relação do político com o doleiro. E, ainda por cima, dá uma “cantada” na contadora.

“Os deputados sabem que o Argôlo não é santo. Os deputados sabem que ele tem algum envolvimento com Youssef. Quem está fudido mesmo é o André Vargas e não tem quem salve”, disse Aluisio Régis para a contadora, em uma conversa que ela gravou com o telefone celular.

A contadora afirma que Lundgren se ofereceu para ser advogado dela e teria sugerido para que ela passasse seis meses na Europa. Meire disse ter procurado o representante de Luiz Argôlo para resolver um problema envolvendo a empresa Grande Moinho Cearense. A companhia cearense foi indicada, segundo a contadora, pelo deputado para receber repasses de dinheiro do doleiro.

“Nos dois primeiros minutos de conversa que tivemos, ele se ofereceu para ser meu advogado. Ele disse que tinha muito interesse em entrar na operação Lava Jato”, disse Meire, sem apresentar gravação desse trecho da conversa, que teria durado quatro horas. Ela disse que vai processar Argôlo pela acusação que fez no Conselho de Ética.

Um dia após o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) acusar a ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, de tentar extorqui-lo para não prestar depoimento ao Conselho de Ética, a “mulher bomba” desmentiu as denúncias e ameaçou processá-lo pelas “calúnias”.

COLETIVA

Em coletiva de imprensa no Salão Verde da Câmara, nesta quarta-feira (03), Meire distribuiu parte da gravação de uma conversa com o advogado Aluísio Lundgren, em 17 de julho, num restaurante argentino no bairro Alameda, em São Paulo.

Meire Poza era esperada para depor nesta quarta-feira como testemunha de defesa do deputado no Conselho de Ética. Ontem, no entanto, o advogado tentou substituir o depoimento dela pelo do chefe de gabinete de Argôlo, Vanilton Bezerra. O pedido foi rejeitado porque Bezerra já havia sido ouvido pelos membros do Conselho.

A contadora afirmou que tornaria pública parte da conversa com o advogado para se defender das acusações de extorsão. “Eu quis ter o direito de resposta. Eu lamento o deputado tenha preferido esse caminho ao da dignidade de ter saído de cena”, disse.

Meire questiona a divergência de valores do deputado no depoimento e contrapõe com o desejo do advogado de defendê-la na justiça. “Ele começou falando R$ 300 mil, baixou para R$ 275 (mil) e depois chegou a R$ 250 (mil). Eu tenho a gravação de quase quatro horas do jantar que tive com o advogado, que disse que tinha muito interesse de entrar na Lava-Jato e se ofereceu para ser o meu advogado”.

Com uma folha na mão, Meire descreve parte da conversa com o advogado. Diz ter sido abordada para tê-lo como advogado; disse que Aluísio sabe que os deputados sabem do envolvimento de Argôlo com Youssef; afirma ter recebido “cantada” do advogado e ainda diz ter ouvido proposta para passar seis meses viajando pela Europa.

“O deputado foi leviano, inconsequente e irresponsável”, afirmou. “Eu pretendo processá-lo sim, porque ele mentiu descaradamente. Eu tenho a prova de que ele mentiu. Eu jamais o extorqui e jamais extorquirei ninguém. Ele foi aquém da minha imaginação”.

Meire conta que, a pedido de Youssef, ela precisaria emitir notas falsas para “resolver” questões do Grande Moinho Cearense relativo a R$ 986 mil que “foram repassados ao deputado Luiz Argôlo”. “Quem fez os repasses ao Argolo fui eu”. Meire diz que o Argôlo ia arrumar a documentação fria para regularizar o repasse de quase R$ 1 milhão.

Meire Poza acredita que queriam mandá-la para a Europa para impedi-la de prestar novos depoimentos. “Foi um comentário infeliz. Eu entendi como sugestão para não dar nenhum tipo de declaração ao deputado Luiz Argolo”.

O advogado Aluísio Lundgren negou ter tentado subornar a contadora e disse que estava “blefando” no diálogo gravado no restaurante.

“Ela blefou de um lado e eu blefei do outro. Eu sabia o que ela queria e entrei no jogo dela. Ela queria gravar o deputado e eu não deixei. Eu fui conversar com ela. É uma conversa cheia de blefes”, defendeu-se Aluísio Régis.

A contadora convocou a imprensa porque não teria chance de falar novamente ao colegiado e desmentir a acusação. A fase de oitivas de testemunhas do processo de Argôlo foi encerrada.

DEGRAVAÇÃO DO ÁUDIO

Leia a seguir os dois minutos de áudio, cedido por Meire Poza, da conversa com o advogado paraibano:

ALUISIO – Sei quem é não. E qual o vínculo que ela tem com o Argôlo? Nenhum. Manda ela passar seis meses na Europa e pronto. Entendeu? Não é assim. Rapaz, sei não. Eu sei quem é esse aqui. Este aqui é o pai dele, foi 60 mil e ainda depositou uma parte em outro lugar. Você está entendendo?

MEIRE – Mas em momento algum… Isso que eu quis me justificar com você logo que a gente se encontrou. Porque isso é péssimo. Isso é humilhante.

ALUISIO – Escuta meu amor, escuta. Eu to dando aqui a você — porque eu gostei de você pra caramba — eu to lhe dizendo aqui que não é bom a gente pegar isso pra frente, mas que tem saída para isso aí. A gente tem saída para isso aí. Ta entendendo? A gente tem saída para isso aí. Certo? Ele, pelo menos, tem saída. Porque os deputados sabem que o Argolo não é santo. Os deputados sabem que ele tem envolvimento com o Youssef (Alberto, preso pela Polícia Federal), mas se for puxado o fio da meada não tem um santo. O que está fudido mesmo é o André Vargas. Este ninguém salva. Concorda?

MEIRE – Concordo. Mas eu só queria deixar isso claro. Em momento algum eu propus. Eu queria tentar amenizar o meu problema. Você entendeu?

ALUISIO – Entendi.

MEIRE – Eu toco a minha vida, doutor, eu tenho, graças a Deus, eu tenho negócio. Graças a Deus a minha vida é estável.

ALUISIO – E pessoa bonita, nova gostosa, nossa…

MEIRE – Obrigada (risos). Eu não preciso extorqui-lo. Pedir nada pra ninguém. Eu acho humilhante.

ALUISIO – Até porque com jeito a pessoa consegue muito mais.

MEIRE – Eu não tenho nenhuma intenção disso. Pelo amor de Deus, nunca. Eu só quero resolver. Eu só quero tentar sair desse imbróglio da melhor forma.

ALUISIO – Eu pediria a ninguém que conversou comigo. Nem com o seu advogado.

MEIRE – Tá, tá. É, eu não falei com ele porque ele tava viajando (risos)

ALUISIO – E também eu não dei tempo, né.

 

A Palavra Online com Correio Braziliense




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